Reumo
Nas três últimas décadas a relação entre as empresas, seus investidores e partes interessadas vem passando por transformações relevantes e numa velocidade crescente. Embora, as mudanças nas estratégias adotadas pelas empresas e no mundo dos negócios ocorram normalmente como uma consequência da evolução da sociedade e seu contexto econômico, o maior e mais rápido acesso às informações, certamente pôde contribuir para essa dinâmica. Parece que o mundo ficou menor. Porém, enquanto as distâncias aparentemente diminuíram, as diferenças sociais e econômicas ficaram maiores e mais expostas. A desigualdade socioeconômica cresce como um rio caudaloso em busca de seu oceano. Ou de outro lado, os oceanos e as águas ameaçam invadir áreas ocupadas por pessoas e atividades econômicas provocando novos deslocamentos cuja causa está na guerra entre homem e natureza, o que é substancialmente diferente dos deslocamentos pela guerra entre os seres humanos.
Este artigo tem a intenção de organizar o debate e as referências mais relevantes na adoção da estratégia de gestão voltada à Criação de Valor Compartilhado. Esta ideia que vem sendo discutida mais fortemente neste século, busca um modelo que equacione as principais críticas dos dias atuais, feitas em relação aos modelos tradicionais de gestão, que ainda colocam os interesses econômicos e financeiros de curto prazo acima dos interesses de perenidade advindos das medidas assumidas para o crescimento de longo prazo. Em muitas ocasiões, as ações apenas preocupadas com os ganhos imediatos, relegam a um segundo plano algumas questões éticas e socioambientais, que ao que tudo indica, nestes últimos tempos vem cobrando essa dívida.