Resumo

Título do Artigo

VALOR PARA STAKEHOLDERS E DESEMPENHO FINANCEIRO DE EMPRESAS DO ÍNDICE DE SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL
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Tema

Estratégia para a sustentabilidade

Autores

Nome
1 - Keysa Manuela Cunha de Mascena
UNIVERSIDADE DE FORTALEZA - UNIFOR - Programa de Pós-Graduação em Administração (PPGA) Responsável pela submissão
2 - Adalberto Américo Fischmann
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3 - João Maurício Gama Boaventura
Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA/USP) -
4 - Leire San-Jose
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Reumo

O valor distribuído aos stakeholders, com a finalidade de atender suas demandas e preferências, é uma forma de atraí-los e mantê-los no relacionamento com a organização. Essa distribuição tem a capacidade de gerar uma reciprocidade positiva, ou seja, quando o stakeholder percebe que a empresa faz mais que o mínimo necessário para mantê-lo pode vir a ter mais comprometimento e fidelidade com a empresa e contribuir mais para a criação de valor. Por consequência, levaria a obtenção de vantagens competitivas e ao maior desempenho financeiro da organização.
No entanto, ainda existem poucas evidências sobre os tipos de distribuição de valor que podem resultar em um maior desempenho financeiro corporativo. Considerando essa lacuna, a pergunta que norteia essa pesquisa é: quais tipos de valor para stakeholders estão mais associados ao desempenho financeiro corporativo? O objetivo dessa pesquisa é investigar a relação entre a distribuição de valor para stakeholders primários e o desempenho financeiro da organização.
A fundamentação teórica está ancorada na teoria dos stakeholders. Os tipos de valor para stakeholders podem ser agrupados em valor relacional ou transacional. Valor transacional refere-se a questões monetárias e contratuais estabelecidas e, valor relacional, aos demais aspectos do relacionamento entre a empresa e os stakeholders. O valor relacional, em contrapartida ao transacional, permite a retenção do stakeholder, pode reduzir custo agência, promover criação de valor conjunto, é um recurso socialmente complexo tem natureza intangível, e portanto está mais associado ao desempenho.
O estudo foi realizado em uma amostra de 62 empresas que responderam o questionário do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da Bolsa de Valores B3 – Brasil, Bolsa Balcão em 2011, 2012 e 2013. A distribuição de valor para stakeholders foi mensurada pelo questionário ISE e a variável de desempenho financeiro foi obtida pelo retorno sobre o ativo (ROA). A hipótese foi testada por modelos de regressão para dados em painel.
Os resultados revelam que a distribuição de valor relacional está mais associada ao desempenho financeiro que a distribuição de valor transacional. O resultado reforça as proposições de Hillman e Keim (2001) e Harrison, Bosse, & Phillips (2010) que os relacionamentos com os stakeholders são fontes de vantagem competitiva. Os resultados também reforçam que, embora a alocação de valor para os stakeholders tenha um alto custo (Harrison & Bosse, 2013), que pode não ser facilmente reduzido, esse investimento pode estar correlacionado a um desempenho superior.
Como contribuição, esse estudo aponta que a distribuição de valor relacional tem uma maior influência no desempenho financeiro, reforçando que o tipo de valor distribuído pode gerar um impacto relevante nos negócios. Além disso, revela-se que o tipo de valor tem diferente relação com o desempenho em função do tipo de stakeholder, se interno ou externo à organização. Os achados empíricos reforçam a argumentação de que as empresas precisam estabelecer e manter relacionamentos com stakeholders para proporcionar a criação de vantagens competitivas.
Harrison, J. S., & Bosse, D. A. (2013). How much is too much? The limits to generous treatment of stakeholders. Business Horizons, 56(3): 313-322. Harrison, J. S., Bosse, D. A., & Phillips, R. A. (2010). Managing for stakeholders, stakeholder utility functions, and competitive advantage. Strategic Management Journal, 31(1), 58-74. Hillman, A. J., & Keim, G. D. (2001). Shareholder value, stakeholder management, and social issues: what's the bottom line?. Strategic Management Journal, 22(2), 125-139.