Resumo

O modelo industrial linear tem por base a extração, a fabricação e o descarte, configuração insustentável por definição e cuja capacidade está atingindo um limite, o que justifica a crise de legitimidade pela qual passa. Para enfrentar essa premissa, acredita-se que a Economia da Funcionalidade e da Cooperação se apresente como um sistema holístico e um referencial de ação para novas trajetórias econômicas baseadas na sustentabilidade, buscando soluções integradas de serviços e bens fundamentadas em relações serviciais e em recursos imateriais.

O presente trabalho tem como objeto e referencial teórico a Economia da Funcionalidade e da Cooperação (EFC), base de ação para novas trajetórias econômicas fundadas na sustentabilidade, em resposta ao modo de produção e consumo atual. Busca-se demonstrar que a EFC pode contribuir para modelos de negócios mais sustentáveis, como ilustrado pelo caso da empresa francesa Gesnord, central de atendimento e marcação de consultas médicas, em que seus princípios foram aplicados com sucesso.

Evidencia-se que o modelo econômico atual encontra oposição na própria sustentabilidade do planeta. Diante disso, um novo modelo econômico se faz necessário, a Economia da Funcionalidade e da Cooperação (EFC). Ainda com desafios a enfrentar, como o cultural, busca-se, através da EFC, uma maior ancoragem local e uma forte base em relações serviciais de cooperação que resultarão em soluções integradas visando ao bem comum e à satisfação das necessidades de diversos atores territoriais.

O trabalho apresenta uma abordagem qualitativa e um caráter exploratório, sendo composto por uma pesquisa bibliográfica e um estudo de caso. A pesquisa bibliográfica visa a contribuir para o embasamento estrutural do trabalho, que servirá de alicerce para a análise do caso, baseado em fontes secundárias e, aqui, apresentado como alternativa aos desafios impostos pelo atual modelo de produção em escala.

O caso Gesnord ilustra a trajetória de introdução dos princípios da Economia da Funcionalidade e da Cooperação, fortemente ancorados em recursos imateriais, intangíveis, muitas vezes estratégicos. A organização de trabalho da Gesnord, até então, não repousava em uma construção calcada no real, desconhecia até mesmo o potencial de seu próprio banco de dados. Foi possível, através de uma nova lente, entender a razão do absenteísmo dos médicos e construir uma solução conjunta e territorializada.

A partir do referencial teórico e da análise do caso, foi possível constatar a contribuição da Economia da Funcionalidade e da Cooperação como referencial de ação para novas trajetórias econômicas em prol da sustentabilidade. O reconhecimento do trabalho e dos recursos imateriais através de uma lógica servicial e a construção da cooperação ancorada em aspirações territoriais se mostram pilares fundamentais que orientaram essa transformação.

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