Resumo

O contexto da pandemia pelo coronavírus, Covid-19, no ano 2020 ocasionou uma ruptura nos moldes de vida pessoal, profissional e familiar de diversas pessoas (AHMED; ZVIEDRITE; UZICANIN, 2018). As instituições públicas que antes eram geridas por rotinas praticamente presenciais tiveram em dado momento colocar seus servidores na modalidade de teletrabalho, conforme a Instrução Normativa nº 27/2020, sem que eles tivessem condições de optar por este novo modelo (BRASIL, 2020a).

Diante da mudança repentina para o teletrabalho compulsório e sua continuidade no decorrer dos meses, os gestores do Instituto Federal de Minas Gerais preocupados com o desempenho dos seus servidores e seus condicionantes de como as tarefas estavam sendo executadas e em quais condições, bem como, a saúde dos seus servidores, resolveram conhecer a realidade vivenciada no cotidiano e investigar a percepção de qualidade de vida no teletrabalho para possível intervenção. O objetivo analisar os níveis de qualidade de vida no teletrabalho e os indicadores de saúde mental no contexto da pandemia.

Andrade (2020) relata que o conceito de qualidade de vida no teletrabalho envolve diversas dimensões constitutivas e pode ser definido, conforme apresentado a seguir: Qualidade de Vida no Teletrabalho: “o trabalho realizado fora das dependências físicas da organização, com o uso de tecnologias da comunicação e informação, produzindo com qualidade, com a prevalência de emoções e humores positivos, proporcionando satisfação, realização pessoal e profissional.” (ANDRADE, 2020, p. 55)

Adota-se a pesquisa ação, descritiva e quantitativa, e um estudo de caso. Para investigar a QVT no teletrabalho foram levantadas as dimensões: atividades do teletrabalhador; gestão do trabalho; suporte tecnológico; condições físicas do trabalho; sobrecarga decorrente do teletrabalho e saúde mental neste contexto. Os indicadores utilizados para descrever a percepção sobre as emoções/sentimentos foram: ansiedade, desamparo, frustração, humor, irritabilidade e tristeza. Foram feitos o diagnóstico (fase 1) e intervenção (fase 2).

Os resultados da pesquisa demonstraram que o teletrabalho compulsório pode sobrecarregar os servidores públicos, bem como acarretar impacto na saúde mental desses trabalhadores – ansiedade e cansaço emocional. Os dados da fase 2 demonstram a necessidade de fazer nova avaliação da QVT para identificar lacunas da intervenção realizada com todos os servidores.

Os resultados do estudo demonstraram que H1 foi confirmada, pois os servidores sentiram durante a fase do diagnóstico sobrecarregados com o teletrabalho compulsório (Média- 7,09), como também a H2 com estado de cansaço emocional (Média- 5,96), ansiedade (Média -5,57). Os pontos mais críticos foram r sobrecarga decorrente do teletrabalho compulsório e a comunicação entre chefia e subordinado, assim como também entre o funcionário e os colegas de trabalho. Essas ações tomadas pelo grupo gestor favorecem a uma instituição eficaz, e o capital humano é a base para a sustentabilidade de gerações.

AHMED, F.; ZVIEDRITE, N.; UZICANIN, A. Effectiveness of workplace social distancing measures in reducing influenza transmission: a systematic review. BMC Public Health, v. 18, n. 1, p. 518, 2018. ANDRADE, L.L.S. Desenvolvimento de um instrumento de medida de Qualidade de Vida no Teletrabalho. Dissertação (Mestrado Profissional em Gestão Pública), Universidade de Brasília, Brasília, 2020. RODRÍGUEZ-MODROÑO, P.; LÓPEZ-IGUAL, P. Job quality and work—life balance of eleworkers. International Journal Environmental Research Public Health, v.18, n.6, p. 1-13, 3239-3241, 2021.