Resumo

Título do Artigo

“O ESPAÇO PÚBLICO É ATOR, NÃO É SÓ CENÁRIO”: DISCURSOS SOBRE O ESPAÇO URBANO NAS FEIRAS DE ECONOMIA CRIATIVA
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Tema

Cidades Sustentáveis e Inteligentes

Autores

Nome
1 - FRANCISCO EDSON RODRIGUES DA SILVA
- Programa de Pós-graduação em Administração e Controladoria (PPAC/UFC) Responsável pela submissão
2 - Joyce Almeida França
-
3 - Guilherme Nunes Monteiro dos Santos
Universidade Federal do Ceará - UFC - FEAAC

Reumo

A economia criativa enfatiza a criatividade e a cultura enquanto recursos inesgotáveis e tem sido apontada como uma alternativa para o desenvolvimento de economias emergentes. Dentre suas manifestações, as feiras criativas realizam a exposição e a venda de produtos fabricados por pequenos empreendedores, estimulando o consumo consciente e o talento local. Nesse contexto, essas feiras trazem à tona discussões sobre os espaços que ocupam, seus processos de revitalização e reuso, a constituição de polos criativos e a ressignificação de programas de cultura e lazer no cenário urbano.
Este trabalho tem o objetivo de analisar como os discursos sobre o espaço urbano marcam a experiência das feiras criativas, tomando como lócus de pesquisa a cidade de Fortaleza - CE, recentemente chancelada como Cidade Criativa pela UNESCO, o que representa um compromisso a longo prazo do governo municipal de colocar a economia criativa no centro de suas políticas, a fim de tornar a cidade um local mais inclusivo, seguro, resiliente e sustentável. Dessa forma, aponta-se o momento oportuno e a relevância de realização desta pesquisa.
As feiras criativas, ao representarem usos simbólicos de elementos econômicos, sociais e políticos de um determinado tempo e espaço (FINKEL; PLATT, 2020), contribuem para a sustentabilidade do desenvolvimento urbano, e têm sido utilizados em políticas de planejamento das cidades (BRITO; RICHARDS, 2017; DUIGNAN et al, 2018) no que tange reuso e revitalização de espaços. Ainda, as feiras enquanto programação cultural e de lazer, podem constituir-se polos criativos, espaços de inovação e interação entre empreendedores, legisladores e frequentadores (ZIAKAS; BOUKAS, 2016).
A metodologia partiu de uma abordagem qualitativa e descritiva-exploratória, tomando como unidades de análise quatro feiras criativas de destaque da cidade de Fortaleza (CE), com duas etapas de coleta de dados: (1) pesquisa documental e em mídias sociais; (2), entrevistas semiestruturadas com idealizadores das feiras. Para análise dos dados, realizou-se análise de conteúdo.
As feiras ocorrem em praças, mercados e ruas, e são marcadas pela promoção cultural e valorização da identidade local. Os idealizadores buscam uma relação harmoniosa com a cidade, apostando em uma programação que faça o público interagir com espaços antes esquecidos e promovendo novos usos desses espaços. Identificou-se uma fraca relação das feiras com o poder público, havendo lacunas de atuação que impedem a constituição de polos criativos. Os idealizadores pensam as feiras como importantes atores urbanos, que viabilizam oportunidades econômicas e estimulam o ambiente criativo da cidade.
As feiras criativas preocupam-se em deixar legados positivos para a cidade, principalmente em relação à melhoria dos espaços onde ocorrem e seus entornos. Além disso, as feiras despontam como opções de lazer e cultura, evocando seus cidadãos a ocupar espaços e conhecer melhor a própria cidade, ressignificando equipamentos culturais e o uso de praças. No entanto, concluiu-se que relações mais estreitas com o poder público poderiam potencializar a realização das feiras em outras partes da cidade, menos centrais, tornando tais eventos verdadeiros polos criativos.
DUIGNAN, M. B.; KIRBY, S. I.; O’BRIEN, D.; EVERETT, S. From “clone towns” to “slow towns”: examining festival legacies. Journal of Place Management and Development, v. 11, 2018. FINKEL, R. PLATT, L. Cultural festivals and the city. Geography Compass. v. 14, 2020. ZIAKAS, V.; BOUKAS, N. The emergence of “small-scale” sport events in “small island” developing states: towards creating sustainable outcomes for island communities. Event Management, v. 20. N. 4, 2016. BRITO, M.; RICHARDS, G. Events and placemaking. International Journal of Event and Festival Management, v.8, n.1, pp. 8–23, 2017.