Resumo

Título do Artigo

Bancos Comunitários como um modelo de negócio em Economia Compartilhada
Abrir Arquivo

Tema

Inovação para a Sustentabilidade

Autores

Nome
1 - Flavia Mengardo Gouvêa
Unesp Faculdade de Ciências Humanas e Sociais - Franca-SP Responsável pela submissão

Reumo

O ato de consumir passa a ser, portanto, mais que uma ação pura do capitalismo: há o desenvolvimento de um novo estilo de vida, onde a propriedade é substituída pelo direito de uso de bens e serviços para satisfazer às necessidades humanas (Rahman, 2016). O conceito de consumo colaborativo ou de economia compartilhada pode ser entendido ao se identificar as relações humanas na aquisição de bens e serviços, antes vislumbradas de maneira tradicional, e sendo a compra efetivada sem possibilidades de empréstimos ou divisões (Cohen & Muñoz, 2016).
Dentro da temática de Economia Compartilhada, definida aqui como relações sociais baseadas no compartilhamento de ideias e práticas, os pesquisadores buscam as lacunas que podem ser mais exploradas e aprofundadas. O objetivo deste artigo é compreender se os bancos comunitários são um modelo de economia compartilhada. Para tal, pretende-se primeiramente apresentar o que é economia compartilhada e os modelos de negócio a essa prática associados e configurados, e num segundo momento explorar se o banco comunitário é um caso real de economia compartilhada, por meio de revisão de literatura.
O modelo de negócios em economia compartilhada V possui as dimensões de tecnologia e de interação, além de possuir as de financiamento, de missão e de governança em seu escopo, não possuindo apenas recursos, entre todas as dimensões apresentadas para um modelo de negócios de economia de compartilhamento. Essas condições do modelo V são consideradas como modelo utópico de economia compartilhada, idealizado pela mídia, mas não intuitivo empiricamente. (Muñoz & Cohen, 2017), sendo este o da kiva.org, fundada em São Francisco (Califórnia, Estados Unidos), que é uma plataforma de micro empréstimos.
Dentre os artigos pesquisados por assunto nos Periódicos Capes/Mec, nenhum deles mostrou a relação entre economia compartilhada e a configuração dos bancos comunitários especificamente. Conforme descrito pelo quinto modelo de economia compartilhada proposto, o chamado modelo utópico, com a combinação de tecnologia e interação (condições principais); e financiamento, missão e governança (condições periféricas) com a ausência de recursos (também condição periférica), (Muñoz & Cohen, 2017), os bancos comunitários são sugeridos como possuidores de todas estas características.
Evidenciou-se que não há uma grande quantidade de estudos sobre essa temática, conforme revisão sistemática proposta por meio de pesquisa nas plataformas citadas. Deste modo, este tipo de estudo de revisão de literatura relacionando os bancos comunitários a modelos de negócios de economia compartilhada se faz necessário tanto no Brasil como no mundo. Estes estudos futuros devem ser avançados com o intuito de serem levantadas mais evidências e subsídios para o melhor desenvolvimento e entendimento do funcionamento destes organismos sui generis, a exemplo da Kiva.org e do Instituto Banco Palmas.
O Instituto Palmas, que possui como slogan “um sistema integrado de crédito, produção, comércio, consumo e felicidade humana”, e a Kiva.org com o argumento máximo “faça um empréstimo, mude uma vida”, ambos disponíveis em suas plataformas para consulta pública, estão associados às características de fundação com movimentos “quase altruístas”, que facilitam o impacto social de seus negócios propostos. Todas as demais dimensões elencadas pelo modelo de negócios de economia de compartilhamento 5 estão presentes em ambos os casos: associação Kiva.org e Rede Brasileira de Bancos Comunitários.
Cohen, B., & Kietzmann, J. (2014). Ride on! Mobility business models for the sharing economy. Organization & Environment, 27(3), 279–296. Muñoz, P; Cohen, B. (2017) Mapping out the sharing economy: A configurational approach to sharing business modeling. Technological Forescasting & Social Change Pupo, C. G. de P. (2018). Banco Comunitário Palmas: metodologia e análise geográfica do fenômeno. Boletim Paulista De Geografia, (98), 111–127. Sundararajan, A. (2016) The sharing economy: The end of employment and the rise of crowd-based capitalism. 1 ed. London: Mit Press.