Reumo
No cenário atual, o termo de Environmental, Social and Governance (ESG), que engloba as práticas ambientais, sociais e de governança de uma organização, tem recebido considerável destaque. Esse aumento de relevância está relacionado à crescente preocupação do mercado financeiro com a sustentabilidade. As questões ambientais, sociais e de governança agora são elementos essenciais nas avaliações de riscos e nas tomadas de decisão de investidores exercendo uma pressão significativa sobre o setor empresarial. Esta aparente novidade tem despertado a atenção das organizações, as quais buscam compreender o significado de ESG e implementar as adaptações necessárias para se alinhar a essa exigência. A expressão ESG foi oficializada em 2004 por meio de uma publicação do Pacto Global em parceria com o Banco Mundial, originando-se de um desafio lançado pelo então secretário-geral da ONU, a cinquenta executivos de importantes instituições financeiras, com o objetivo de explorar maneiras de incorporar de forma integrada elementos sociais, ambientais e de governança ao mercado de capitais. A dimensão social do ESG aborda práticas empresariais que impactam a sociedade em geral, abrangendo colaboradores, fornecedores, clientes e comunidades locais. Uma das principais preocupações nesta situação é a promoção da diversidade no ambiente de trabalho, englobando a equidade salarial e o acesso equitativo às oportunidades de carreira para todos os colaboradores, independentemente de sua origem, sexo biológico ou orientação sexual. Além disso, a adoção dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) pela Organização das Nações Unidas em 2015 oferece uma agenda global mais abrangente para enfrentar desafios como a pobreza, desigualdade e a degradação ambiental. Os ODS, com seus 17 objetivos e 169 metas, representam um compromisso coletivo para transformar nosso mundo até 2030, promovendo a prosperidade para todos dentro dos limites do planeta. No contexto organizacional, por sua vez, práticas implementadas por uma organização com o objetivo de proporcionar condições plenas de trabalho, desenvolvimento humano, estabelecimento de bons relacionamentos interpessoais e promoção do bem-estar, tanto no ambiente corporativo quanto fora dele, são vinculadas à Qualidade de Vida no Trabalho (QVT). A integração efetiva de práticas direcionadas à QVT configura-se como uma estratégia indispensável para organizações que visam aprimorar não apenas seus resultados operacionais, mas também promover o desenvolvimento humano de seus membros. Nesse sentido, a empresa se configura como uma instituição humanizada, evidenciando seu comprometimento com valores como justiça social, cidadania, democracia e meio ambiente. Portanto, torna-se essencial que as organizações conduzam uma avaliação da qualidade de vida de seus colaboradores, assim como analisem o impacto de suas atividades na comunidade local e no meio ambiente. Organizações com visão centrada em desenvolvimento sustentável tendem a focar também na qualidade de vida no trabalho. Partindo dessa premissa, em uma breve análise da conjuntura considerando as variáveis ESG e QVT, restou identificado que o tema em questão não foi suficientemente explorado, sendo um campo fértil de pesquisa. Dessa forma, o presente estudo aborda o seguinte problema de pesquisa: existe correlação entre as práticas de ESG e QVT? Para responder esse problema de pesquisa, o presente estudo teve como objetivo verificar a percepção dos colaboradores de uma instituição de ensino acerca das práticas evidenciadas de ESG e QVT. Para abordar o tema e atingir o objetivo proposto, foi realizada uma pesquisa descritiva com abordagem qualitativa, utilizando o levantamento de campo como procedimento metodológico e o questionário como instrumento de coleta de dados, com amostragem por conveniência de uma instituição de ensino sem fins lucrativos sediada no interior de São Paulo. A coleta de dados foi realizada por meio de um questionário disponibilizado na plataforma do Google Forms para os colaboradores da instituição. O questionário, além de coletar dados demográficos, aborda políticas de bem-estar, promoção da saúde, equilíbrio entre vida profissional e pessoal, inclusão, diversidade, igualdade de oportunidades, iniciativas de desenvolvimento profissional e pessoal, além de práticas de promoção ao engajamento e fortalecimento do senso de comunidade no ambiente de trabalho. Após a coleta, ocorrida em março de 2024 por meio do questionário, os dados foram tabulados utilizando a ferramenta Excel da Microsoft para análise e apresentação dos resultados. A amostra corresponde a 63% dos colaboradores. Com base nos resultados obtidos da pesquisa sobre as práticas de ESG e QVT, revela que a maioria dos colaboradores está familiarizada com essas abordagens, evidenciando o reconhecimento de sua importância no ambiente organizacional. Embora a percepção sobre tais práticas varie, há um reconhecimento geral da sua relevância, embora seja necessário melhorar a comunicação transparente e a eficácia na implementação. No que diz respeito à QVT, os resultados revelam uma percepção positiva em relação ao equilíbrio entre vida profissional e pessoal, ao suporte à saúde mental e ao respeito dentro das equipes, aspectos fundamentais para um ambiente de trabalho saudável e produtivo. As práticas relacionadas à QVT são bem recebidas pelos colaboradores, refletindo satisfação e reconhecimento em relação a essas políticas.A correlação entre ESG e QVT é significativa, pois ambas as abordagens visam o bem-estar integral dos colaboradores e a sustentabilidade organizacional. A integração eficaz dessas práticas tem o potencial de impactar positivamente não apenas os colaboradores, mas também as comunidades locais e o meio ambiente. Por exemplo, políticas ambientais responsáveis (ESG) podem ser complementadas por programas de bem-estar no trabalho (QVT), criando um ciclo virtuoso de benefícios mútuos.A integração eficaz das práticas de ESG e QVT tem o potencial de impactar positivamente não apenas os colaboradores, mas também as comunidades locais e o meio ambiente. Os insights obtidos oferecem orientações valiosas para aprimorar continuamente as práticas organizacionais, reforçando o compromisso com a responsabilidade social e o bem-estar coletivo. Estudos futuros podem explorar lacunas identificadas, como a eficácia da comunicação transparente e o fortalecimento das políticas de inclusão e diversidade, para fornecer diretrizes ainda mais abrangentes para as organizações.