Reumo
1 INTRODUÇÃO
A utilização de metodologias lúdicas na Educação Ambiental (ED) é uma excelente estratégia para envolver crianças e fomentar a consciência ecológica desde cedo. No contexto do Curso de Graduação em Tecnologia de Gestão Ambiental (TGA)da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), alunos na modalidade EaD, têm participado de projetos de extensão que visam promover práticas sustentáveis e educação ambiental para crianças do ensino fundamental de escolas públicas no município de Pauini, no Amazonas.
Para Tavares et al. (2021), despertar o interesse dos estudantes depende das iniciativas dos docentes, sendo necessário que eles utilizem processos de contextualização, relacionando os conteúdos ao cotidiano dos alunos e problematizando as questões abordadas, assim como propuseram os alunos da UFAM.
Nesse sentido, Reigota (1994) destaca que a escola é um dos espaços privilegiados para a implementação da educação ambiental, desde que ofereça oportunidades para a expressão da criatividade. Sato (2003) complementa essa visão ao afirmar que ensinar educação ambiental é um processo educacional complexo, que requer a inclusão da temática ambiental nos currículos escolares de maneira inovadora.
O objetivo deste trabalho foi descrever a percepção dos alunos do curso TGA durante a realização das oficinas de educação ambiental com crianças do Ensino Fundamental. Para tal, foi enviado questionário aos alunos envolvidos (9).
2 RESULTADOS
As oficinas ocorreram no mês de julho de 2024. O projeto de extensão impulsionado pelos alunos do TGA foi denominado de “Projeto Germinar”. Os alunos do TGA ministraram palestras de educação ambiental para crianças do ensino fundamental. Uma das técnicas mencionadas foi o uso de conteúdos visuais e teatrais, que ajudaram a ilustrar conceitos e tornam as apresentações mais dinâmicas. Uma abordagem particularmente interessante foi o uso de fantoches.
Entre as questões levantadas destacou-se a seguinte pergunta: "Você já havia participado de alguma atividade de educação ambiental voltada para crianças do ensino fundamental?". As respostas foram unânimes, com 100% dos alunos indicando que nunca haviam participado de tais atividades. Este dado revela uma clara necessidade de implementar programas e iniciativas que proporcionem essas oportunidades. Essas iniciativas podem incluir parcerias com escolas, projetos de extensão universitária ou atividades extracurriculares, permitindo que os alunos planejem e executem atividades de educação ambiental para crianças. Esse cenário indica que o desenvolvimento de tais programas é uma estratégia correta e necessária para enriquecer a formação dos alunos.
Dentre os alunos que participaram das atividades, 83,3% afirmaram que, após sua atuação, se sentiram preparados para ministrar palestras de educação ambiental para crianças. Essa alta porcentagem indica que a experiência prática foi eficaz na construção de confiança e competência entre os alunos para realizar atividades educativas em contextos infantis. Essa preparação percebida pode ser atribuída a vários fatores, como o envolvimento direto que permite aos alunos aplicar teorias de maneira prática, facilitando desenvolvimento de habilidades pedagógicas. E esse processo é fundamental para qualquer profissional de educação ambiental, pois a capacidade de simplificar e contextualizar informações é importante para a efetividade da comunicação. Ruscheinsky e Costa (2002) argumentam que a educação ambiental só será efetiva se for desenvolvida por uma equipe comprometida em discutir e reinventar o processo educativo, assegurando a construção dos objetivos desejados.
Cerca de 80% das respostas dos alunos do TGA que ministraram palestras de educação ambiental indicam que houve mudanças perceptíveis no comportamento das crianças após as apresentações. Essa análise aponta para um impacto positivo e significativo, refletindo o sucesso das técnicas utilizadas e a importância do tema abordado. Um dos comportamentos notados foi um maior cuidado com o descarte de lixo. Além disso, um indicativo do impacto positivo das palestras foi o interesse demonstrado pelas crianças em saber quando os palestrantes retornariam à escola. Esse tipo de feedback é muito bom, pois reflete um engajamento contínuo e uma curiosidade genuína por mais aprendizado.
Conforme apontado por Malaquias et al. (2012), as características lúdicas incorporadas ao aprendizado envolvem a sociedade na troca de ideias e na busca de novos conhecimentos sobre questões sociais e ambientais.
Os alunos do TGA relataram experiências enriquecedoras ao desenvolver e aplicar atividades educativas lúdicas, utilizando fantoches, dinâmicas e atividades interativas para transmitir conceitos complexos de forma acessível e divertida.
"Foi uma experiência incrível com as crianças, levando a aprendizagem e informações relevantes para elas. A resposta das crianças foi fantástica, elas estavam genuinamente interessadas e engajadas", comentou um dos alunos, evidenciando o entusiasmo e o impacto positivo dessas atividades.
Adaptar o conteúdo para o público infantil, como em jogos de reciclagem e conservação de recursos, facilitou a compreensão e internalização dos conceitos pelas crianças, que, segundo relatos dos estudantes, demonstraram interesse em aplicar os conhecimentos adquiridos em suas rotinas, como começar a separar o lixo em casa.
"Como futuros profissionais de Tecnologia em Gestão Ambiental, essa experiência foi fundamental. Pudemos ver de perto a importância da educação ambiental e como ela pode ser transformadora", destacou um dos estudantes.
Esses resultados sublinham a importância de continuar investindo em programas educativos que incentivem práticas sustentáveis.
3 CONCLUSÃO
A experiência proporcionou aos alunos uma oportunidade de aplicar na prática os conhecimentos adquiridos no curso, reforçando seu compromisso com a promoção de práticas sustentáveis.
Ao envolver crianças em atividades que estimulam o interesse e a responsabilidade ambiental, planta-se as sementes para um futuro mais sustentável e consciente, reforçando o papel transformador da educação ambiental lúdica e um dos papeis a serem desempenhados pelos futuros gestores ambientais.
REFERÊNCIAS
MALAQUIAS, J. F. et al. O lúdico como promoção do aprendizado através dos jogos socioambientais, integrando a educação ambiental formal e não formal. Rev. Eletrônica Mestr. Educ. Ambient. v. 29, 2012.
REIGOTA, M. O que é Educação Ambiental. São Paulo: Brasiliense, 1994.
RUSCHEINSKY, A.; COSTA, A. L. A Educação Ambiental a partir de Paulo Freire. In: RUSCHEINSKY, A. (Org.). Educação Ambiental: Abordagens Múltiplas. Porto Alegre: Artmed, 2002.
SATO, M. Educação Ambiental. São Carlos: Rima, 2003.
TAVARES, N. S., et. al., Análise da percepção de estudantes do Em sino Médio acerca do processo de aprendizagem em Química. Research, Society and Development, 2021.