Resumo

Título do Artigo

CIRCULARIDADE URBANA EM TERRITÓRIOS DE PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO: INICIATIVAS DE PROMOÇÃO DA MOBILIDADE URBANA SUSTENTÁVEL EM CASOS LATINO-AMERICANOS
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Tema

Cidades Sustentáveis e Inteligentes

Autores

Nome
1 - Silvia Regina Stuchi Cruz
- Sustentabilidade Responsável pela submissão
2 - Denis dos Santos Alves
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3 - Milena Eugênio da Silva
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4 - Marcela Noronha Pinto de Oliveira e Sousa
UNICAMP Universidade de Campinas - FECFAU
5 - Milena Serafim
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Reumo

A crescente urbanização e os desafios ambientais têm impulsionado a busca por novos modelos de desenvolvimento urbano sustentável. Entre esses, destaca-se o Knowledge-Based Urban Development (KBUD), que é uma concepção que considera o conhecimento como a base para o desenvolvimento econômico e sociocultural. O KBUD considera que a transição para a sustentabilidade parte do planejamento territorial e institucional que vise a promoção da vitalidade urbana, da equidade, da qualidade de vida, da conservação do meio ambiente e da prosperidade econômica (Yigitcanlar e Lonnqvist, 2013). Por esta visão do KBUD, que atrela o desenvolvimento territorial sustentável à economia do conhecimento, faz-se necessário discutir este conceito à luz da economia circular e da circularidade urbana, para oferecer uma visão holística de urbanização sustentável. As cidades circulares aplicam os princípios da economia circular ao contexto urbano, ou seja, em contraste com o modelo econômico linear tradicional de "extrair-produzir-descartar", essas cidades promovem a reutilização, a reciclagem e a regeneração de recursos dentro do ambiente urbano, a fim de atingir um sistema auto-sustentável. Além da redução de desperdícios, essa abordagem também gera novas oportunidades econômicas e contribui para a melhoria da qualidade de vida nas áreas urbanas (The Ellen MacArthur Foundation, 2019). No entanto, promover esta transição à circularidade urbana, na prática, apresenta uma série de desafios, que requerem mudanças profundas na governança, na formulação de políticas públicas que auxiliem na sua promoção, nos modelos para a participação social e nos meios para o monitoramento dos processos e avaliação dos resultados. O presente trabalho propõe a integração do conceito de circularidade urbana ao arcabouço teórico do KBUD a fim de desenvolver um método de suporte à análise e identificação de boas práticas relacionadas à mobilidade urbana sustentável em TPCs. O objetivo é suprir a demanda por uma maior operacionalização para aplicações práticas de readequação de TPCs existentes aos paradigmas do KBUD e da circularidade urbana em contextos socioeconômicos diversos. Neste trabalho, nos baseamos em um estudo anterior que analisa boas práticas de mobilidade urbana sustentável em TPCs localizados em países desenvolvidos (Stuchi et al., no prelo) e comparamos com o contexto de países da América Latina. As boas práticas encontradas por Stuchi et al. (no prelo) são reestruturadas e ampliadas no contexto das categorias e indicadores relacionados à mobilidade urbana, identificados por Gejer e Silva (2024), que sintetizam conhecimento sobre a economia circular para sua aplicação na escala urbana. Em relação aos procedimentos metodológicos, a primeira etapa envolveu a identificação e o mapeamento dos territórios de produção do conhecimento (TPC), baseados nas seguintes bases de dados: Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores - Anprotec; The Global Institute on Innovation Districts - GIID; International Association of Science Parks & Areas of Innovation - IASP; Inova Data BR - plataforma de inteligência competitiva para integração, acompanhamento e desenvolvimento dos Parques Tecnológicos do Brasil e de suas empresas e organizações residentes. Inicialmente, os critérios de inclusão foram: i. Localização na América Latina, Caribe e México, ii. Países com regime político-democrático, e iii. Integração de universidades na governança, seja formal ou potencial (existência de universidades próximas). Com base nesses critérios, foram selecionados os casos Parque Patrícios (Buenos Aires, Argentina), Porto Digital (Recife-PE, Brasil) e distritotec (Monterrey, México). Na segunda etapa, foram mapeados modelos de governança e iniciativas de mobilidade implementadas nos TPC selecionados na primeira etapa e análise destas nas categorias: mobilidade ativa; segurança pública e viária; transporte público coletivo; transporte sob demanda; e gestão da mobilidade. As iniciativas de mobilidade urbana sustentável identificadas foram categorizadas em três níveis: existentes, não existentes e em implementação. Os resultados mostram que cada TPC possui características distintas em termos de contextualização, história e governança, refletindo diferentes trajetórias e contextos. Ao analisar as iniciativas de mobilidade urbana sustentável nos TPCs, observa-se um panorama diversificado, com iniciativas fragmentadas e aparentemente em estágios iniciais. A criação de redes integradas de mobilidade ativa conectadas ao transporte público coletivo, utilizando energias limpas, é fundamental para alcançar a circularidade urbana. Isso deve ser combinado com o incentivo ao uso de tecnologias de TIC para a gestão inteligente da mobilidade. Como estratégia de gestão da mobilidade, uma das categorias com maiores lacunas nos três casos, é necessária a adoção de medidas que desestimulem o uso do transporte individual motorizado. Em termos de governança, a coordenação entre os diferentes níveis de governo e a participação ativa da comunidade são essenciais para que as iniciativas sejam bem-sucedidas. Também aponta-se a necessidade de produção de conhecimento e dados para que tomadores de decisão possam avançar na implementação de soluções mais sustentáveis e na transição para a circularidade urbana, juntamente com os preceitos de accountability e transparência.