Resumo

Título do Artigo

Hortas comunitárias urbanas como propulsoras de cidades sustentáveis
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Tema

Cidades Sustentáveis e Inteligentes

Autores

Nome
1 - Luciana Nunes de Oliveira
UFSM - UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA - Centro de Ciências Sociais e Humanas Responsável pela submissão
2 - Jordana Marques Kneipp
UFSM - UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA - PPGA
3 - Roberto Schoproni Bichueti
- Universidade Federal de Santa Maria
4 - MARTA OLIVIA ROVEDDER DE OLIVEIRA
Universidade Federal Santa Maria - Departamento de Ciencias Administrativas
5 - José Maria Alves Da Silva
UFSM - UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA - Universidade Federal de Santa Maria

Reumo

Cidades sustentáveis são ambientes urbanos que têm como objetivo a busca pelo equilíbrio entre o crescimento econômico, a inclusão social e a preservação ambiental. Essas cidades adotam práticas e políticas que se propõem a melhorar a qualidade de vida de seus habitantes, ao mesmo tempo em que minimizam o impacto negativo no meio ambiente. O desenvolvimento da agricultura urbana e periurbana (AUP) apresenta uma oportunidade para as cidades preservarem o ambiente urbano e, ao mesmo tempo, promoverem benefícios sociais e econômicos (AYAMBIRE et al., 2019). Nos últimos anos, as hortas comunitárias urbanas, como um tipo de AUP, emergiram como uma iniciativa transformadora, oferecendo soluções inovadoras para desafios contemporâneos enfrentados pelas comunidades urbanas. A implementação de hortas comunitárias urbanas está intrinsecamente relacionada ao conceito de cidades sustentáveis, proporcionando uma série de benefícios que se alinham aos princípios fundamentais desse modelo de desenvolvimento urbano equilibrado. Sendo assim, como objetivo, o presente estudo pretende analisar os componentes sociais, ambientais e econômicos de duas hortas comunitárias urbanas da cidade de Santa Maria (RS) que contribuem para a construção de uma cidade sustentável. Para Tang e Lee (2016) inúmeros países enfrentam agora o mesmo desafio: como conceber e desenvolver assentamentos urbanos sustentáveis. Com a adoção pela Organização das Nações Unidas (ONU) da agenda dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável para 2030 e da Nova Agenda Urbana, tornou-se explícita uma atenção excepcional ao desenvolvimento das cidades, especialmente nos países em desenvolvimento (TEDONG & ZYED, 2022). Uma cidade sustentável pode ser descrita como um ambiente urbano concebido com o objetivo principal de contribuir para a melhoria da qualidade e proteção ambiental e para a equidade social e o bem-estar a longo prazo (BIBRI & KROGSTIE, 2017). Os signatários da Nova Agenda Urbana; assumiram o compromisso de apoiar a agricultura urbana, e o consumo e a produção locais, sustentáveis e responsáveis; assim como as interações sociais, por meio de redes de comércio e mercado locais como uma opção que contribui para a sustentabilidade e segurança alimentar (ONU, 2017). Diante do exposto, a AUP traz a promessa de segurança alimentar e soberania alimentar e espera-se que aumente no futuro; contribuindo para uma economia de baixo carbono como resultado de cadeias de abastecimento mais curtas e da quantidade de combustíveis fósseis utilizados nos transportes (FERREIRA et al., 2018). Para o alcance do objetivo deste estudo, foi realizado um estudo de caso conforme Yin (2018). Na primeira etapa deste estudo, foi realizada uma análise documental para obter materiais com informações sobre as duas hortas localizadas no bairro Diácono João Luiz Pozzobon (Neide Vaz e Renova Vidas). Na segunda etapa foram realizadas entrevistas abertas com os agricultores urbanos das duas hortas comunitárias estudadas. Também foram realizadas observações não participantes durante a realização das entrevistas. A Horta Agroecológica Comunitária Neide Vaz, é uma horta comunitária localizada na Associação de Moradores do Residencial Dom Ivo Lorscheiter. O projeto começou em 2016 por iniciativa da Associação de Moradores Dom Ivo Lorscheiter (AMORDIL). Na época, a área de aproximadamente 1.500 m² era utilizada como depósito irregular de resíduos. A Horta Renova Vidas teve início em 2020 e o terreno estava servindo para depósito de resíduos de forma irregular. De acordo com o líder comunitário da Horta Neide Vez, atualmente são atendidas 20 famílias/grupos; sendo que cada uma pode ter um ou mais canteiros para cultivo e não há nenhum canteiro ocioso e a Horta está em expansão. Na Horta Renova Vidas, de acordo com a líder comunitária, são atendidas 12 famílias/grupos. A Horta possui 10 canteiros, sendo que algumas famílias/grupos dividem o mesmo espaço. As contribuições sociais das hortas comunitárias para a comunidade do bairro Diácono João Luiz Pozzobon ficaram evidentes no estudo. Além de benefícios de saúde e bem-estar, as hortas trouxeram um sentimento de pertencimento para a comunidade, ou seja, o empoderamento da comunidade. Houve também a melhoria das habilidades daqueles que já tinham conhecimento sobre a terra e uma aquisição de uma nova habilidade, aos que ainda não tinham conhecimento nesta área. Além disso, com relação a segurança alimentar, as famílias atendidas com os alimentos colhidos nas hortas estão tendo acesso a alimentos saudáveis. O estudo também mostrou a grande contribuição para o meio ambiente que as hortas comunitárias trazem. Tanto na questão da biodiversidade, no qual animais deixaram de ser mortos e alguns estão retornando (bugios); quanto na compostagem; que faz com que menos resíduos orgânicos sejam destinados ao aterro sanitário. Importante ressaltar, ainda na componente ambiental, que as áreas nas quais hoje as hortas estão em funcionamento, eram destinadas ao descarte irregular de resíduos; ou seja, a área estava degradada. Com relação ao componente econômico, o estudo evidenciou a economia dos agricultores urbanos que não precisam mais comprar estes alimentos, fazendo com que possam comprar outros tipos de alimentos. Em alguns casos, o tipo de alimento gerado na horta não era consumido, tendo em vista que só era comprado no supermercado a alimentação básica; ou seja, a produção de alimentos também contribui para a melhoria da alimentação. Concluiu-se que as Hortas Comunitárias Urbanas estudadas contribuem para a construção de comunidades urbanas mais equitativas, saudáveis e resilientes, sendo propulsoras de cidades sustentáveis.