Resumo

Título do Artigo

IRRESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA NO SETOR DE HOSPITALIDADE E TURISMO
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Tema

Responsabilidade Social Corporativa

Autores

Nome
1 - Lenise David da Silva
Programa de Pós Graduação em Administração - UFRGS - UFRGS Responsável pela submissão
2 - Luis Felipe Machado Do Nascimento
- Escola de Administração

Reumo

O engajamento de organizações em ações socialmente responsáveis, e sua divulgação por meio de relatórios não financeiros, tornou-se uma prática crescente no mercado mundial (Clark et al., 2022). Esse movimento reflete uma mudança significativa na estratégia de negócios, que têm priorizado a criação e compartilhamento de valor entre os stakeholders por meio de ações de Responsabilidade Social Corporativa (RSC) (Atay & Terpstra-Tong, 2019). Contudo, a literatura evidencia uma dualidade preocupante entre a adoção de práticas responsáveis e irresponsáveis por parte das organizações (Conrad & Holtbrügge, 2021; Riera & Iborra, 2017; Tan et al., 2024). Enquanto alguns autores argumentam que investir em ações de RSC diminui a incidência de práticas de Irresponsabilidade Social Corporativa (IRSC) (Campbell, 2007) outros defendem que as organizações podem simultaneamente desenvolver essas ações, com a presença de uma não necessariamente reduzindo a existência da outra (Riera & Iborra, 2017). Por exemplo, o escândalo Dieselgate, da Volkswagen em 2015, em que acusações de fraude ambiental foram identificados no mesmo mês em que a empresa se autodeclarava, em seu site, líder em ações de RSC com destaque em classificações internacionais (Riera & Iborra, 2017). A Responsabilidade Social Corporativa estabeleceu-se como um conceito ou construto associado a melhoria do desempenho organizacional (Allui & Pinto, 2022; Duanmu et al., 2021; Kim et al., 2018), emquanto estudos sobre a Irresponsabilidade Social Corporativa, (IRSC) embora crescentes, ainda cobrem pouco território na literatura (Clark et al., 2022). Armstrong (1977), define IRSC como a decisão de uma organização, em optar por ações que resultam lucro organizacional em detrimento de prejuízo para outras partes, quando todas são consideradas. O interesse acadêmico na IRSC surgiu com o estudo seminal de Armstrong (1977), mas a atenção sobre o tema intensificou-se apenas na primeira década dos anos 2000, em particular durante a crise econômica global de 2008 e a subsequente exposição de escândalos corporativos feita pela mídia (Riera & Iborra, 2017). Embora investigações sobre IRSC tenham recebido mais atenção nos últimos anos, ainda existem lacunas significativas na literatura. A concepção de IRSC sugere foco direcionado para os impactos negativos das decisões irresponsáveis sobre as partes interessadas (Armstrong, 1977). Neste sentido, estudos em IRSC tem analisado os mecanismos explicativos para a tomada de decisão e a definição do seu conceito. A maioria dos estudos existentes concentra-se em economias desenvolvidas, com foco particular em países da Europa e nos Estados Unidos (Tan et al., 2024), e pouco se estendem as especificidades de outras regiões principalmente países pobres e em desenvolvimento econômico (Alcadipani & De Oliveira Medeiros, 2020). Além disso, são raras as aplicações explicitas de IRSC no setor de Hospitalidade e Turismo (H&T), até o momento deste estudo, apenas Volgger & Huang (2019) e Jang et al., (2022) relacionaram H&T a temática de IRSC. Choi et al., (2023) explora especificamente a indústria de cassinos também integrante do setor de Hospitalidade e Turismo. Desta forma, há uma necessidade de equilibrar o foco acadêmico, que tradicionalmente se concentra nas práticas responsáveis de empresas de hospitalidade e turismo. Para tanto, este estudo contribui para a academia com novos insights sobre IRSC no contexto de H&T, identificando lacunas existentes sobre IRSC e H&T e sugerindo direções para futuras pesquisas. Além disso, avança a teorização atual sobre a IRSC e promove a compreensão e conscientização sobre as implicações de IRSC em destinos turísticos.