Reumo
A sustentabilidade tem ocupado um espaço importante nos debates sociais e acadêmicos, em virtude do modelo de desenvolvimento implementado ao longo do tempo, baseado no sistema capitalista, e que impacta negativamente, tanto o meio ambiente como a vida das pessoas e, por conseguinte, compromete a existência das próximas gerações e do próprio ecossistema. E neste quesito, as organizações produtivas possuem um papel fundamental, pois são responsáveis, em parte, pela forma como o sistema produtivo se organiza e pelo consumo de recursos e geração de resíduos em larga escala. A fim de que as organizações conheçam seus impactos, faz-se necessário a sua mensuração, e para tal, requer-se a implementação de ferramentas que possam auxiliar na avaliação com vista à promoção da sustentabilidade. Dentro do conjunto das organizações, tem-se as cooperativas, organizações centradas nas pessoas, de propriedade conjunta e conduzidas de forma democrática pelos e para seus membros, visando atender as necessidades e aspirações econômicas, sociais e culturais comuns. Elas são organizações fundamentadas em valores e princípios, caracterizando-se por ser um modelo de negócio que visa contribuir com o desenvolvimento sustentável, o que permite considerar que está alinhado aos critérios Environmental, Social and Governance (ESG) e pode contribuir para o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Contudo, há poucas ferramentas disponíveis que possibilitem a avaliação da sustentabilidade das cooperativas, já que a maioria dos modelos são genéricos e aplicados a qualquer tipo de negócio. Neste contexto, este estudo objetiva apresentar um conjunto de indicadores para autoavaliação da sustentabilidade em cooperativas, à luz da identidade cooperativista. Em termos metodológicos, a abordagem é quali-quantitativa e a pesquisa de natureza aplicada, exploratória e descritiva. A partir de revisão bibliográfica foram identificadas e selecionadas as dimensões e os indicadores que se relacionam com os princípios do cooperativismo. O conjunto de indicadores proposto leva em consideração quatro dimensões: ambiental, econômico, social e institucional, e fornece informações sobre as condições de sustentabilidade das cooperativas. Por meio da ferramenta, as cooperativas poderão refletir sobre as ações e projetos que contribuam para o alcance de condições mais sustentáveis, considerando as particularidades do modelo cooperativo, sobretudo atendendo seus princípios e valores. A análise realizada demonstra que, ao adotar e reforçar os princípios cooperativistas, as cooperativas não apenas mantêm sua identidade, mas também se posicionam como agentes importantes para a promoção de práticas sustentáveis. A relação intrínseca entre os princípios cooperativistas e as dimensões de sustentabilidade (econômica, social, ambiental e institucional) destaca a capacidade dessas organizações de alinhar suas atividades com os ODS. A implementação eficaz do instrumento de autoavaliação, junto com um compromisso contínuo com os princípios cooperativistas, permitirá que as cooperativas não apenas alcancem seus objetivos econômicos, mas também desempenhem um papel ativo na construção de um futuro mais sustentável e justo.