Reumo
É amplamente reconhecido que a globalização está em constante ascensão, nesse cenário as organizações enfrentam uma grande pressão para se adaptarem às demandas dos consumidores. Por muito tempo acreditavam-se que a responsabilidade da empresa era apenas dar retorno aos acionistas, Friedman (1970) defendia que as empresas deveriam focar apenas na maximização de seus ganhos financeiros e, em seu artigo publicado pelo New York Times, “The Social Responsibility of Business is to Increase Its Profits” – em tradução livre “A responsabilidade social dos negócios é aumentar seus lucros” – afirmava que qualquer desvio desse foco, como o envolvimento em atividades sociais ou ambientais, era contraproducente e prejudicial ao funcionamento do capitalismo. Friedman acreditava que essas iniciativas eram desvios de recursos que poderiam ser melhor empregados para aumentar os lucros e, consequentemente, beneficiar a sociedade como um todo.
As questões ambientais, sociais e de governança (ESG) vêm ganhando um destaque significativo no cenário corporativo global. A conformidade com os padrões ESG não é vista apenas como uma questão ética, mas também um indicador de resiliência a riscos e capacidade de assegurar um crescimento financeiro sustentável a longo prazo. Às organizações que almejam entrar em mercados internacionais ou atrair investimentos, a adoção dessas práticas é de suma importância. Os critérios ESG vêm se estabelecendo como um modelo líder para relatórios não financeiros entre grandes empresas ao redor do mundo.
No ano de 2024, atender às necessidades dos consumidores não se resume mais apenas em oferecer produtos ou serviços de qualidade a preços competitivos, às organizações devem demonstrar um compromisso com a responsabilidade social e ambiental. Com o crescimento do consumo consciente, os consumidores agora esperam que as empresas incorporem considerações sociais, ambientais e de governança corporativa em suas operações.
Apesar das práticas ESG estarem alcançando grandes empresas e trazerem benéficos consideráveis, pode ser desafiador implementar esses conceitos em uma organização. Isso pode decorrer de uma série de fatores, incluindo a natureza estabelecida de suas estruturas e processos, exigindo, por vezes, uma significativa mudança de paradigmas para sua incorporação efetiva.
Este trabalho concentra-se na análise dos desafios encontrados na implementação das práticas ESG (ambientais, sociais e de governança) nas organizações. Tradicionalmente, o lucro era o principal indicador de sucesso empresarial, mas atualmente os stakeholders estão cada vez mais atentos à sustentabilidade das operações empresariais. As práticas ESG vão além das questões ambientais, englobando também a justiça nas práticas trabalhistas, a promoção da diversidade e inclusão, a obtenção ética de recursos, e a governança transparente e responsável. O objetivo deste estudo foi investigar e compreender os desafios enfrentados pelas organizações na adoção de práticas ESG, visando contribuir para uma gestão empresarial mais ética e responsável. A metodologia adotada foi a revisão bibliográfica, que incluiu a análise de diferentes artigos, livros, sites, entre outros para a elaboração da pesquisa. Ao longo do trabalho pode-se observar uma linha do tempo dos principais marcos na história da sustentabilidade e a discussão sobre a responsabilidade social corporativa. A implementação das práticas ESG não é apenas uma questão de responsabilidade corporativa, mas também é uma necessidade para a sobrevivência e o sucesso das empresas. À medida que a legislação continua a exigir conformidade, especialmente das Sociedades Anônimas (SAs), as empresas enfrentam uma pressão crescente para avaliar e melhorar suas práticas ESG. Essa pressão é ainda mais intensa para as grandes organizações, que muitas vezes têm cadeias de fornecimento complexas, envolvendo empresas menores. A materialidade das questões ESG, que se traduz nos riscos que uma empresa pode enfrentar, é uma preocupação cada vez mais relevante. Sendo assim, adotar às práticas ESG não é apenas uma escolha ética, também é uma necessidade estratégica para mitigar riscos legais, financeiros e reputacionais.
Entre os principais desafios identificados estão a falta de conhecimento sobre o tema, a ausência de padronização nos termos e procedimentos, a escassez de regulação legal, a dificuldade em encontrar fornecedores que atendam aos padrões ESG e os altos custos de implementação. O estudo apresentou estratégias para mitigar esses desafios e exemplos reais de empresas que aplicaram essas estratégias com sucesso. Assim, o estudo pode contribuir significativamente para a compreensão dos obstáculos na implementação das práticas ESG.
Com base nos resultados apresentados, concluiu-se que tanto as empresas brasileiras quanto as empresas em nível internacional enfrentam barreiras semelhantes na implementação das práticas ESG. Esses desafios são comuns entre empresas de diferentes portes e setores, indicando que a transição para um modelo de negócios sustentável é uma questão universal. A falta de conhecimento sobre o tema, a ausência de padronização nos termos e procedimentos, a escassez de regulação legal, a dificuldade em encontrar fornecedores que atendam aos padrões ESG e os altos custos de implementação são obstáculos recorrentes.
Esses desafios não apenas dificultam a adoção completa às práticas ESG, como também destacam a necessidade de um esforço conjunto entre governos, instituições reguladoras e o setor privado para criar um ambiente mais favorável. A criação de diretrizes claras, incentivos financeiros e programas de capacitação pode ajudar a diminuir essas barreiras. Tendo em vista que esses desafios são comuns entre as organizações, a colaboração entre empresas e a troca de melhores práticas (benchmarking) podem ajudar a facilitar a superação dessas barreiras.