Reumo
A proposta do artigo é entender como as vantagens comparativas brasileiras vem sendo aproveitadas no contexto do Acordo de Paris. A adesão do Brasil a acordos internacionais, como o Acordo de Paris, ilustra o compromisso do país com a redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE) e a promoção de práticas sustentáveis. Estudos apontam que a Amazônia é uma questão central para o país, é um ecossistema crítico para a manutenção do clima global e regional, em especial na questão do ciclo do carbono, ciclo hidrológico e manutenção da biodiversidade. Levando em consideração que a maior parte das emissões de GEE brasileiras vem do desmatamento da Amazônia, o país deve contemplar uma agenda governamental e o fortalecimento de políticas públicas que contribuam para a conservação do bioma. Um exemplo de política bem sucedida no setor ambiental é o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm). Instituído em 2004, o plano foi o grande responsável na queda de desmatamento do bioma entre os anos de 2003-2012. Assim, ao contrário dos outros países signatários do Acordo de Paris, o Brasil possui a vantagem comparativa de poder reduzir suas emissões de forma rápida, econômica e com benefícios ambientais significativos, alterando o padrão de desmatamento na Amazônia e restaurando o áreas alteradas do bioma.
As mudanças climáticas já estão aqui entre nós, e estão tendo impactos socioeconômicos importantes em nossas sociedades, e impactando os serviços ecossistêmicos do qual dependemos e a biodiversidade de nosso planeta (IPCC-AR6, 2021). Nesse contexto, torna-se relevante estruturar possíveis caminhos de desenvolvimento que leve em consideração as questões ambiental e climática, explorando as vantagens comparativas brasileiras, incluídas em uma agenda estratégica de desenvolvimento. Para que o país consiga reestabelecer seu protagonismo nas questões climáticas e ambientais, o Brasil tem que explorar seus interesses estratégicos em termos econômicos e florestais como a economia de baixo carbono, por exemplo. Fazer o uso de suas vantagens comparativas, como é proposto, pode auxiliar o Brasil em seu reposicionamento.
Considerar políticas públicas para a conservação da Amazônia sob a perspectiva do desenvolvimento pode ser estratégico para o Brasil. Nesse contexto, o objetivo do artigo é explorar o avanço nas pesquisas científicas que relacionam a Amazônia com o Acordo de Paris. A pesquisa se caracteriza por ser uma revisão crítica da literatura, a partir de uma análise bibliométrica. Os resultados evidenciam a complexificação das abordagens e ao mesmo tempo a maior diversificação de temáticas relacionadas à Amazônia e ao Acordo de Paris. Duas importantes lacunas encontradas nas pesquisas cientificas estão relacionadas as comunidades indígenas e as questões de saúde pública. Dessa forma, mesmo com a vantagem brasileira, ainda falta a implementação efetiva de politicas que contribuam com a conservação e restauração da Amazônia e os estudos científicos podem contribuir nesse sentido.