Resumo

Título do Artigo

Alinhamento das Competências Empreendedoras no Ensino Superior e as Demandas do Mercado: Uma Revisão Sistemática
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Tema

Empreendedorismo Sustentável e Negócios de Impacto

Autores

Nome
1 - Marcos Roberto Morita
Universidade Presbiteriana Mackenzie - CCSA Responsável pela submissão
2 - ALMIR MARTINS VIEIRA
Universidade Presbiteriana Mackenzie - PPGA
3 - GILBERTO PEREZ
Universidade Presbiteriana Mackenzie - CCSA

Reumo

Introdução As Instituições de Ensino Superior (IES) desempenham um papel crucial na formação de profissionais qualificados, especialmente em relação às competências empreendedoras, cuja demanda tem superado as habilidades digitais (Prüfer & Prüfer, 2020). Este estudo visa investigar se existe um alinhamento entre as competências empreendedoras ensinadas nas IES e as exigidas pelo mercado de trabalho, com o objetivo de compreender como tais competências são incorporadas nos cursos de graduação. Dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) revelam a importância da correspondência entre a oferta educacional e as demandas do mercado, destacando a formação como indicador-chave do capital humano (OCDE, 2013). No Brasil, o nível de empreendedorismo manteve-se estável entre 2020 e 2022, com cerca de 42,2 milhões de pessoas envolvidas em atividades empreendedoras anualmente (José Zeferino Pedrozo et al., 2022). No entanto, estudos apontam para um desalinhamento entre as competências oferecidas pelas IES e as exigidas pelo mercado. Por exemplo, no Uzbequistão, há uma desconexão entre as habilidades ensinadas nas IES públicas e as demandas empresariais, como o uso de tecnologias modernas (Urban?íková & Umarkhonov, 2024). De forma semelhante, na África do Sul, empregadores encontram graduados sem habilidades práticas essenciais para o mercado (Ebekozien et al., 2024). O presente artigo, portanto, se propõe a analisar se as IES conseguem alinhar as competências empreendedoras ensinadas às necessidades do mercado de trabalho. Para isso, realizou-se uma revisão sistemática utilizando as bases de dados Web of Science®, Scopus® e Scielo®, com critérios de inclusão voltados para estudos originais sobre competências empreendedoras no ensino superior. Foram excluídos artigos sobre níveis educacionais diferentes (médio, técnico e pós-graduação) e aqueles que abordassem aspectos políticos ou institucionais. Um total de 265 artigos foram inicialmente recuperados, dos quais 67 foram selecionados para análise final. Fundamentação e Discussão A análise revelou uma alta correlação entre as competências ensinadas nas universidades e aquelas demandadas pelo mercado. Dentre as dez principais competências exigidas, oito também estavam presentes nos currículos das IES. Entretanto, algumas competências, como autoconfiança e ética, aparecem nas listas universitárias, mas não nas demandas das empresas, enquanto a adaptabilidade é destacada no mercado, mas recebe menor ênfase na educação superior. A literatura sugere que a comunicação é uma das competências mais vitais para o empreendedorismo e empregabilidade, sendo importante para liderança, negociação e networking (Antonaci et al., 2015). No contexto da Revolução 4.0, habilidades de comunicação e interpessoais são consideradas essenciais (Halili et al., 2022). Do ponto de vista do mercado, Mainga et al. (2022) classificam as habilidades de comunicação como a competência mais importante para a empregabilidade. A criatividade também é fundamental para a formação empreendedora. Segundo Mareque et al. (2019), a criatividade envolve a geração de ideias inovadoras e originais. Já Comesaña-Comesaña et al. (2022) destacam a importância da “tecnocriatividade” no ambiente digital atual. A liderança é outra competência crucial. Existem três paradigmas teóricos sobre liderança: focado no perfil, nos comportamentos eficazes e nas variáveis influenciadoras do sucesso (Sousa, 2018). No entanto, ainda há um desenvolvimento baixo dessas competências nos cursos de empreendedorismo. A análise identificou que a formação de redes profissionais (networking) é essencial para a empregabilidade dos graduados. De acordo com Okolie et al. (2021), a educação empreendedora obrigatória tem um impacto positivo no desenvolvimento dessas competências. Em relação ao pensamento crítico, métodos como a Educação para o Desenvolvimento Sustentável (ESD) da UNESCO são estratégias para preparar os estudantes para um futuro sustentável (Dumitrescu et al., 2022). Além disso, ferramentas como hackathons e ideathons são eficazes para desenvolver habilidades de resolução de problemas, conforme estudo realizado na Espanha (García-Castanedo et al., 2024). Os métodos de ensino mais eficazes para o desenvolvimento das competências empreendedoras incluem metodologias ativas como Aprendizagem Baseada em Projetos (PBL), estudos de caso, trabalho em grupo, visitas empresariais, sala de aula invertida, concursos de pitches, e uso de incubadoras e aceleradoras. Gamificação e jogos sérios são outra estratégia eficaz, como demonstrado por Antonaci et al. (2015), que mostram que jogos colaborativos podem melhorar as habilidades de comunicação. Um exemplo prático de aplicação é o "Minno® Innovation Project", desenvolvido na Finlândia, que envolve equipes de alunos para solucionar problemas reais apresentados por empresas (Hero & Lindfors, 2019). Este projeto reforça a ideia de que a inovação e o empreendedorismo se desenvolvem por meio da prática e da interação com o mercado. Outro estudo que reforça essa abordagem é o de Berbegal-Mirabent et al. (2024), que combinou gestão de projetos e empreendedorismo utilizando metodologias ágeis e práticas de startups. Limitações e Futuras Direções O estudo aponta uma lacuna na literatura em relação à compreensão integrada das ações necessárias para fomentar o empreendedorismo e aumentar a empregabilidade. Apesar de identificar o alinhamento entre as competências empreendedoras ensinadas e as demandadas pelo mercado, existe uma necessidade de revisar os currículos universitários. Além disso, há uma carência de dados detalhados sobre a eficácia dos métodos de ensino dessas competências. Estudos longitudinais, que acompanhem os estudantes desde a graduação até sua inserção no mercado, seriam valiosos para avaliar a aplicabilidade das competências adquiridas. Conclusões O alinhamento entre o ensino superior e o mercado é fundamental para a competitividade das IES e sua função social de prover mão de obra qualificada. O estudo conclui que as IES têm, em grande parte, acompanhado as demandas do mercado, destacando competências como comunicação, criatividade, liderança, resolução de problemas, gestão e inovação. No entanto, há áreas que precisam de melhorias, como adaptabilidade e ética. Contribuições do Estudo Este artigo contribui para a teoria da educação empreendedora ao fornecer uma análise detalhada do alinhamento entre as competências ensinadas e as exigidas pelo mercado. Ele confirma que as IES estão acompanhando as demandas do mercado em termos de habilidades essenciais para o empreendedorismo, embora sua efetividade ainda seja questionada pelos autores e gestores. Por fim, a pesquisa oferece insights para o ajuste de currículos universitários e métodos de ensino, enfatizando a importância da interação com o mercado e de atividades práticas, como PBL, gamificação e educação empreendedora.