Resumo

Título do Artigo

AUTOGESTÃO, PARTICIPAÇÃO E PODER EM UM GRUPO DE EXTENSÃO E PESQUISA: PRÁTICAS E DISCURSOS
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Tema

Gestão de Pessoas e Sustentabilidade

Autores

Nome
1 - Fabiola Dutra Amaral
Universidade Federal de Uberlândia - Fagen Responsável pela submissão
2 - Cintia Rodrigues
-
3 - Jose Eduardo Ferreira Lopes
- FAGEN - Faculdade de Gestão e Negócios

Reumo

A autogestão, a participação e o poder são conceitos importantes quando se trata de subgrupos dentro de organizações, como grupos de pesquisa e extensão, subgrupos muito comuns dentro de universidades. Esses termos inter-relacionados abrangem práticas e modelos destinados a promover uma governança mais democrática e inclusiva dentro desses grupos. A autogestão refere-se à capacidade de um grupo ou organização de se autogovernar, sem depender de hierarquias tradicionais. A participação diz respeito ao envolvimento ativo dos membros do grupo nos processos de tomada de decisão, enquanto o poder se refere à distribuição de autoridade e influência entre os membros. Historicamente, a implementação de modelos de autogestão em grupos de pesquisa e extensão enfrentou diversos desafios. Entre eles estão a resistência institucional, dificuldades na manutenção da coesão e eficácia do grupo, e problemas relacionados à distribuição equitativa de recursos e responsabilidades. Apesar desses desafios, a adoção da autogestão e da participação democrática em grupos de pesquisa e extensão apresentou inúmeros benefícios. Esses modelos aumentam o engajamento e a satisfação dos membros, promovem a inovação e a criatividade, e fortalecem a coesão e o compromisso do grupo com seus objetivos. Nesse contexto, com foco nas relações de poder que emergem na dinâmica organizacional do grupo, este estudo se propõe a analisar as práticas e discursos relacionados à autogestão, participação e poder em um grupo de pesquisa e extensão denominado Centro Colaborador de Apoio e Monitoramento e à Gestão de Programas Educacionais (CECAMPE) do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE), fomentado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) da Região Sudeste - CECAMPE/Sudeste, sediado na Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Entende-se que este estudo tenha potencial de contribuir com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável ( ODS) 04- Educação de Qualidade e 08-Trabalho Descente e Crescimento Econômico, ao considerar que as atividades desenvolvidas pelo CECAMPE/Sudeste impactam diretamente no desenvolvimento da educação básica na região sudeste e ao considerar que as atividade desenvolvidas por estes grupos poderão ser melhor desempenhadas. Utilizando uma abordagem de estudo de caso, a pesquisa foi conduzida através da triangulação de dados, que incluiu relatórios gerados, atas e memórias de reuniões, o relatório final de avaliação do programa e outros documentos produzidos pelo CECAMPE/Sudeste. A análise dos dados foi realizada utilizando a técnica de Análise de Conteúdo, conforme Bardin (2011). Os procedimentos para a análise de conteúdo foram a pré análise, a partir da leitura flutuante e organização dos dados coletados. Nesta fase, foi feita a seleção dos documentos a serem analisados; exploração do material, codificando e categorizando dos dados. Os dados foram organizados em categorias temáticas que emergiram dos textos e tendo como suporte o referencial teórico e o objetivo da pesquisa e; tratamento dos resultados e interpretação, analisando e interpretando as categorias temáticas, relacionando-as com a literatura existente sobre autogestão, participação e poder. Ao final do processo de exploração, codificação e categorização dos dados, as categorias temáticas que emergiram foram a comunicação, a descentralização das decisões e a flexibilidade. As categorias temáticas emergiram de forma iterativa e fundamentada nos dados coletados. Como resultados, em que pese o esforço evidente para que, de fato, a gestão democrática prevalecesse, em algumas vezes, a condução do grupo parece ter se distanciado um pouco da gestão democrática, como pode ser observados em fatos como a comunicação em grupo de WhatsApp, principal instrumento de comunicação do grupo, ser unidirecional, ou seja, as postagens restritas a apenas algumas pessoas, enquanto outros só recebiam as mensagens e não era possível responder ou se manifestar em relação às mensagens recebidas e à participação no grupo. Ainda, segundo os princípios de participação e poder, a participação não é apenas o acesso e a interação, mas envolve o poder real de influenciar decisões. Isso é importante para distinguir entre mera presença e participação efetiva. Ao ter um canal de comunicação limitado, este fato ilustra uma “mera presença”, em contraponto a uma participação efetiva. Na categoria descentralização das decisões, relacionada à liderança, a gestão eficiente de grupos de pesquisa e extensão requer estratégias que promovam a colaboração e a divisão justa de responsabilidades. A considerar as evidências nos dados coletados, é possível assumir que na maioria das vezes, esta liderança transformacional esteve presente nesse grupo de pesquisa e extensão. As equipes construíram, a partir das atribuições que lhe foram conferidas, articulações para melhor executarem as suas funções, alcançarem as suas metas e entregarem os seus produtos. Considerando a percepção de componentes do grupo, presente em diferentes fontes de dados, a comunicação, a definição clara de atividades e responsabilidades, além da ausência de feedbacks foram pontos importantes que, de certa forma, foram negligenciados. A Flexibilidade pôde ser verificada a partir de fragmentos do relatório de resultados que apontam como as equipes tiveram a liberdade de organizarem as suas atividades. Estes elementos reforçam que, embora a autogestão orgânica ofereça diversos benefícios, como maior engajamento e satisfação dos membros do grupo, também apresenta desafios significativos. Por fim, ao considerar os resultados alcançados pelo grupo ao final do projeto ao entregar todos os produtos contratados pelo FNDE com alto padrão de qualidade reconhecido pelo contratante, pelos constantes elogios recebidos pelo público alcançado (diretores escolares, professores secretarias municipais de educação e outros públicos de interesse), pelos subprodutos desenvolvidos pelo grupo no campo da pesquisa, como dissertações, artigos, e-books e outras produções, pode-se afirmar que o grupo alcançou seus objetivos com êxito. Por fim, o CECAMPE/Sudeste demonstrou compromisso com os princípios de autogestão e participação, apesar dos desafios, destacando a necessidade de ajustes contínuos para garantir a equidade e a inclusão.