Reumo
O objetivo do ensaio é discutir a relação entre a autonomia do consumidor e a ética no marketing, especialmente no contexto das novas tecnologias de inteligência artificial. O artigo analisa como o uso de dados e algoritmos personaliza ofertas e experiências, mas também ameaça a liberdade de escolha dos consumidores, limitando sua autonomia. A autonomia do consumidor é vista como a capacidade do indivíduo de tomar decisões livres e racionais sobre suas escolhas de consumo. No entanto, o ambiente digital, repleto de influências externas, torna a verdadeira autonomia um desafio. Isso ocorre porque os consumidores estão cada vez mais expostos a sistemas de recomendação e práticas persuasivas que moldam suas preferências. A inteligência artificial pode manipular as decisões dos consumidores ao prever seus comportamentos com base em dados passados. O artigo destaca que, embora o consumidor perceba suas escolhas como autônomas, muitas vezes essas decisões são moldadas por estímulos externos, como a publicidade direcionada e algoritmos de recomendação. Um exemplo disso é a compra por impulso, incentivada por estratégias de marketing, que interfere na tomada de decisão consciente. São abordadas questões éticas relacionadas à manipulação de desejos e à privacidade dos dados. Empresas como Netflix e Spotify moldam as preferências de consumo dos usuários, sugerindo conteúdos que atendem a padrões predefinidos, restringindo a diversidade de opções. Isso compromete a capacidade do consumidor de fazer escolhas informadas, promovendo uma cultura de consumo artificial. Tecnologias como assistentes digitais, algoritmos de recomendação e anúncios personalizados geram desafios à autonomia do consumidor. Embora essas tecnologias proporcionem maior conveniência e personalização, elas podem sobrecarregar o consumidor com informações e reduzir sua liberdade de escolha, criando um ambiente de decisão controlado pelos interesses de mercado. A coleta massiva de dados levanta preocupações sobre a privacidade e a falta de transparência nas práticas de marketing. A ausência de controle sobre como as informações são utilizadas enfraquece a autonomia do consumidor, que muitas vezes não tem plena consciência das forças que moldam suas escolhas. Busca-se contribuir para o debate sobre ética no marketing ao destacar a importância de regulamentações que acompanhem o desenvolvimento das tecnologias de inteligência artificial. Defende-se que as práticas de marketing devem ser transparentes e que os consumidores precisam ter acesso a informações claras para que suas escolhas sejam realmente autônomas. A análise também reforça a necessidade de um equilíbrio entre inovação tecnológica e responsabilidade ética, promovendo um ambiente de consumo mais justo. A principal conclusão do artigo é que, embora as novas tecnologias de inteligência artificial possam melhorar a experiência de consumo, elas também representam uma ameaça significativa à autonomia do consumidor. Para preservar essa autonomia, é essencial que os consumidores tenham acesso a informações claras e que as práticas de marketing sejam regulamentadas de forma ética. O desenvolvimento de tecnologias socialmente sustentáveis, que respeitem a privacidade e os direitos humanos, é crucial para evitar que o interesse comercial de curto prazo comprometa o bem-estar do consumidor e das futuras gerações. Por fim, sugere-se que políticas públicas e regulamentações adequadas são necessárias para proteger os consumidores em um ambiente digital cada vez mais complexo e influente, onde a linha entre o controle tecnológico e a autonomia individual se torna cada vez mais tênue.