Reumo
O desenvolvimento sustentável tornou-se uma preocupação global a partir da década de 1970, impulsionado por incidentes ambientais que levaram à realização de conferências internacionais sobre o tema. A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, realizada em 1972 em Estocolmo, foi um marco nesse contexto, estabelecendo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e trazendo as questões ambientais para a agenda internacional. O Brasil teve um papel crucial ao sediar a Eco-92 e a Rio+20, fortalecendo o compromisso global com o desenvolvimento sustentável e criando os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
A implementação do Plano de Logística Sustentável (PLS) nas instituições federais de ensino representa um avanço concreto em direção à sustentabilidade. Como disseminadoras de conhecimento, essas instituições têm a responsabilidade de integrar práticas sustentáveis em suas operações. O PLS visa reduzir o consumo de recursos, gerenciar resíduos de forma adequada e promover uma cultura de sustentabilidade na comunidade acadêmica. A integração dos critérios ESG (Environmental, Social, and Governance) é fundamental para garantir a sustentabilidade a longo prazo e atrair a atenção de investidores e stakeholders.
Embora a sustentabilidade seja amplamente adotada no setor privado, as instituições de ensino que operam em bolsas de valores publicam relatórios de sustentabilidade seguindo as diretrizes da Global Reporting Initiative (GRI). Esses relatórios ajudam as organizações a comunicar seus impactos em questões críticas de sustentabilidade e alinhar suas práticas com padrões internacionais.
Este artigo analisa a implementação do PLS em instituições federais de ensino, utilizando os padrões GRI como base. A pesquisa busca identificar desafios e fatores de sucesso na adoção do PLS, além de avaliar as práticas de sustentabilidade adotadas e os resultados obtidos.
A pesquisa utilizou uma revisão sistemática de literatura para mapear, avaliar e consolidar estudos sobre a implementação do PLS e a integração dos padrões GRI em instituições federais de ensino no Brasil, abrangendo o período de janeiro de 2012 a junho de 2024. As bases de dados incluíram Google Acadêmico, Scopus, Spell, Orbit e Lens, com buscas em português e inglês. As palavras-chave refletiam os temas centrais da pesquisa, como "sustentabilidade", "plano de logística sustentável", "ESG" e "relatórios de sustentabilidade GRI".
O processo de seleção dos artigos envolveu a análise de títulos e resumos para garantir a relevância dos estudos para o tema da pesquisa. Foram pré-selecionados 108 artigos, dos quais 13 foram considerados de alta relevância para a revisão sistemática. Os artigos foram avaliados com base em três dimensões: qualidade da execução, adequação à questão da revisão e adequação ao foco da revisão.
Os 13 artigos selecionados proporcionaram uma visão abrangente sobre a implementação do PLS e a integração dos padrões GRI em instituições federais de ensino. Palma et al. (2013) discutem a inclusão da sustentabilidade nos currículos do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS), destacando a variação na implementação entre os campi e a necessidade de maior integração das práticas sustentáveis. De forma semelhante, Borges et al. (2013) analisam o perfil ambiental dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, revelando que muitos campi ainda possuem práticas ambientais fracas devido à falta de estrutura organizacional e auditorias ambientais regulares.
Pereira et al. (2018) e Dotto et al. (2019) analisam o PLS em universidades da Região Metropolitana de São Paulo e na Universidade Federal de Santa Maria, respectivamente. Eles recomendam o desenvolvimento de checklists e a criação de Comissões Gestoras do PLS para melhorar a integração das práticas de sustentabilidade. Ferreira et al. (2020) exploram a implementação de sistemas solares fotovoltaicos em instituições de ensino, enfatizando a necessidade de formação contínua dos professores para integrar essas tecnologias no currículo e envolver a comunidade acadêmica.
Huang et al. (2022) e Reisch et al. (2023) abordam a implementação de ESG em instituições de ensino superior, destacando a importância de liderança forte, planejamento estratégico eficaz e monitoramento contínuo para garantir a eficácia das iniciativas de sustentabilidade. Finatto et al. (2023) e Jimenez et al. (2018) discutem a integração dos ODS e das dimensões ESG nas universidades, sugerindo que a adoção dos padrões GRI pode melhorar a transparência e a comparabilidade das práticas de sustentabilidade, embora seja necessário adaptar esses padrões às necessidades específicas das instituições educacionais.
Zulpo et al. (2020) e Vieira et al. (2020, 2021) exploram a utilização dos padrões GRI, apontando tanto os benefícios quanto os desafios dessa abordagem. Vieira et al. (2021) destaca a importância da materialidade nos relatórios de sustentabilidade, sugerindo uma abordagem integrada e específica para refletir os temas mais relevantes para as instituições educacionais. Por fim, Forte et al. (2024) examinam a integração da ESG na internacionalização das instituições de ensino superior, sublinhando a importância de políticas ambientais rigorosas, programas de inclusão social e estruturas de governança eficiente.
Em resumo, os artigos enfatizam a importância de integrar práticas de sustentabilidade nos currículos e operações das instituições federais de ensino, reconhecendo os desafios de implementação uniforme entre os campi. As recomendações incluem a criação de comissões gestoras para o PLS, o desenvolvimento de checklists abrangentes e a adaptação dos padrões GRI para atender às necessidades específicas das instituições.
A pesquisa revelou que a adoção dos padrões Global Reporting Initiative (GRI) em conjunto com o Plano de Logística Sustentável (PLS) nas instituições federais de ensino é crucial para promover a sustentabilidade de maneira transparente e padronizada. Embora as instituições já estejam implementando práticas sustentáveis como gestão de resíduos e eficiência energética, a integração dos padrões GRI oferece uma estrutura robusta para medir, gerenciar e comunicar esses esforços.
Portanto, a implementação de um sistema de monitoramento contínuo, conforme os padrões GRI, é essencial para acompanhar o progresso e ajustar as práticas conforme necessário. A adoção dos padrões GRI fortalece a sustentabilidade institucional e posiciona as instituições como modelos para outras organizações, promovendo um ambiente de aprendizagem mais sustentável e responsável.