Reumo
A transição energética para fontes renováveis é essencial na luta contra as mudanças climáticas, ao reduzir a dependência de combustíveis fósseis e mitigar os impactos ambientais. No entanto, para que essa transição seja verdadeiramente sustentável, é necessário garantir que seus benefícios sejam distribuídos de forma equitativa, especialmente para comunidades vulneráveis. Historicamente, a implementação de novas tecnologias tem exacerbado desigualdades socioeconômicas, favorecendo regiões mais desenvolvidas e deixando comunidades periféricas em desvantagem (Sachs, 2000; UNRISD, 2022). Este ensaio examina como a inovação tecnológica pode ser integrada a uma agenda de justiça social, promovendo uma transição energética justa e inclusiva. A instalação de grandes projetos de energia renovável, como parques eólicos e solares, frequentemente desconsidera as necessidades e os conhecimentos locais, impactando negativamente comunidades dependentes de recursos naturais, como as comunidades pesqueiras (Gorayeb; Meireles, 2022; Alarcón, 2022). Para mitigar esses efeitos, é crucial que essas populações sejam incluídas nos processos de planejamento e implementação, conforme preconizado pelo conceito de "justiça energética" (IRENA, 2023). Esse conceito sugere que a transição energética deve garantir não apenas a descarbonização, mas também o acesso justo e respeitoso às características culturais e econômicas das populações afetadas (Jenkins et al., 2020). Políticas públicas inclusivas, como o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (PROINFA), desempenham um papel fundamental ao fomentar tanto a inovação tecnológica quanto a justiça social na transição energética (Junior et al., 2011). Essas políticas podem promover a criação de empregos, o desenvolvimento de capacidades locais e a inclusão socioeconômica de comunidades marginalizadas, transformando a transição energética em uma oportunidade para o crescimento sustentável e equitativo (Bozeman, 2000; Fagerberg, 2022). Conclui-se que a transição energética deve ser abordada de maneira holística, integrando aspectos técnicos, sociais e econômicos. A criação de um ambiente regulatório favorável, o estímulo à participação comunitária e a transferência de tecnologia são elementos-chave para assegurar que os benefícios das novas tecnologias sejam acessíveis a todos, especialmente às populações mais vulneráveis (Pearson, 2007). Ao alinhar a inovação tecnológica com princípios de justiça social, é possível garantir que a transição energética seja um motor de transformação positiva e inclusiva, beneficiando todas as camadas da sociedade.