Reumo
As mudanças climáticas já afetam a todos os habitantes do globo terrestre. O relatório recente do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), registra que eventos extremos cada vez mais recorrentes e mudanças nos padrões meteorológicos, impactam à sustentabilidade do planeta, em especial as populações mais vulneráveis. Além disso, o aumento das concentrações de gases de efeito estufa, provenientes principalmente de atividades humanas como a queima de combustíveis fósseis e desmatamento, é identificado como o principal impulsionador dessas mudanças. Desta forma, nas últimas décadas, houve um aumento significativo na atenção política e midiática relativamente às mudanças e alterações climáticas, bem como aos seus impactos à sociedade planetária. Nesse contexto, a mídia tem sido fundamental para moldar, reproduzir e influenciar a compreensão política, econômica, ambiental e sociocultural deste fenômeno. Contudo, a cobertura jornalística sobre as questões climáticas é uma relação social entre cientistas, atores políticos e o público, mediada pelas notícias e relações de poder. As narrativas e discursos sobre questões ambientais e climáticas não são neutros, mas estão profundamente enraizados nos contextos sociais e políticos. Determinadas narrativas têm o poder de influenciar os processos de tomada de decisão, legitimando algumas soluções e desconsiderando outras, além de incluir ou excluir as necessidades de grupos sociais específicos. Assim, o estudo procurou compreender as narrativas presentes na mídia local e seu impacto na questão climática. Para atingir o objetivo, foram analisadas as narrativas presentes no jornal A Tribuna da Bahia, selecionado por ser um dos principais veículos de comunicação do Estado em termos de circulação local. Desta forma, a pesquisa fornece informações sobre o poder das narrativas relacionadas às mudanças climáticas, seu impacto na formulação de políticas públicas e nas práticas de gestão inclusivas e sustentáveis. A pesquisa justifica-se pela: lacuna existente na literatura, pois há poucos estudos relacionados às narrativas sobre mudanças climáticas na América Latina e África; premente necessidade de análise dos jornais regionais / locais; e por conta da necessidade de um debate climático na perspectiva dos impactos locais. Os resultados apontam que as narrativas estão agrupadas em globais (ações da ONU), nacionais ( ações do Governo Federal e seus agentes), regionais e locais (atuação do poder público municipal). Além disso, as narrativas indicam a falta de conhecimento técnico dos jornalistas e repórteres, colocando em risco a credibilidade do conteúdo disseminado.