Resumo

Título do Artigo

PASSIVIDADE ACADÊMICA NO SUL GLOBAL: O DESAFIO DE ADOTAR POLÍTICAS ESG
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Tema

Educação e Sustentabilidade

Autores

Nome
1 - Fernando Eduardo Kerschbaumer
- Universidade Positivo Responsável pela submissão
2 - Gabriela Fracasso Moraes
-
3 - Danielle Denes-Santos
- PPGA - Universidade Positivo
4 - Marcello Romani Dias
-
5 - Aline dos Santos Barbosa
- ESEG

Reumo

A integração dos princípios ESG (Ambiental, Social e de Governança) nas instituições de ensino superior (IES) é crucial para promover práticas sustentáveis e inovadoras. No entanto, apenas 28% das IES do Sul Global implementam políticas ESG efetivas (ONU, 2023). Esse estudo investiga os obstáculos enfrentados por essas instituições e propõe estratégias para acelerar a adoção de práticas ESG. Implementar políticas ESG não apenas atende a uma responsabilidade social, mas também forma profissionais comprometidos com a sustentabilidade e inovação. A demanda crescente por práticas sustentáveis e a relevância dos critérios ESG exigem uma abordagem robusta na formação de gestores que integrem esses princípios em estratégias corporativas inovadoras (Porter & Kramer, 2018). A falta de adoção efetiva das políticas ESG por empresas e instituições educacionais no Sul Global destaca a necessidade urgente de educação e formação na área (ONU, 2023; Porter & Kramer, 2018). Esta realidade destaca a necessidade de investigar os fatores que contribuem para a lenta adoção do ESG nas universidades. Este artigo analisa a passividade das IES frente à agenda ESG, baseando-se em entrevistas com reitores e gestores educacionais de 42 IES do Brasil, triangulando os resultados com documentos da ONU e estudos de países do Sul Global, para compreender os principais fatores que dificultam a implementação de políticas ESG e promoção de práticas sustentáveis nas universidades do Sul Global. A pesquisa utiliza uma abordagem qualitativa, baseada em 42 entrevistas com diretores e reitores de universidades, coletando mais de 630 páginas de transcrições. O método qualitativo é escolhido por sua capacidade de explorar fenômenos sociais complexos e desenvolver teorias sobre os desafios futuros das universidades (Creswell & Poth, 2016; Gephart Jr., 2004). Os participantes foram selecionados por suas posições e trajetória profissional relevantes. As entrevistas foram gravadas, transcritas e analisadas anonimamente, com a análise de conteúdo seguindo as etapas de organização, exploração e categorização dos dados (Bardin, 2011; Glaser & Strauss, 1967). A análise foi indutiva, com codificação aberta para identificar conceitos-chave e suas relações (Locke, 2001; Corbin & Strauss, 2015). A adoção de políticas ESG nas IES enfrenta barreiras significativas tanto no nível micro (organizacional) quanto no macro (contextual). No nível micro, as principais barreiras incluem resistência cultural à mudança, falta de liderança voltada para a sustentabilidade, recursos insuficientes e ausência de capacitação (Marrucci et al., 2019). A cultura organizacional rígida e a resistência à mudança são desafios persistentes (Geels, 2019), e a falta de liderança comprometida é um obstáculo significativo (Ploum et al., 2018). Além disso, a falta de recursos financeiros e humanos impede a implementação eficaz de políticas ESG (Madueno et al., 2016). As pressões socioeconômicas e a falta de diretrizes nacionais específicas para ESG também limitam a implementação (OECD, 2023; Kumar, 2022). No nível macro, a implementação de ESG nas universidades do Sul Global está em estágio inicial, com progressos e desafios substanciais. As limitações financeiras, infraestrutura inadequada, resistência cultural e falta de expertise são barreiras críticas (Hartvigson & Heshmati, 2023; Springer et al., 2023). A governança rígida e a falta de transparência nas universidades também são problemáticas (José, em entrevista). Integrar políticas ESG nos currículos e promover uma gestão mais profissional são passos necessários para superar esses desafios (Luciano, em entrevista). O conceito de "Sul Global" refere-se a países com histórias de colonização e desenvolvimento desigual em relação ao "Norte Global" (Connell, 2020). As universidades do Sul Global enfrentam lacunas significativas na implementação de ESG, com práticas ainda superficiais e desafios estruturais importantes (José, em entrevista). Programas de boas práticas, como reciclagem e coleta de água da chuva, são exemplos de iniciativas, mas ainda são insuficientes para uma transformação sistêmica (De Souza Silva et al., 2022; Hernández-Cruz et al., 2022). A dimensão social do ESG foca na inclusão e no desenvolvimento comunitário, com políticas para aumentar a inclusão de minorias e estudantes de baixa renda (Ferdous, 2021; Aithal & Aithal, 2020). Programas de extensão universitária são fundamentais para melhorar a qualidade de vida nas comunidades locais (Mabele & Kosgey Zachariah, 2019; Hakim et al., 2018). A governança nas universidades envolve transparência e participação, com conselhos consultivos promovendo maior participação de stakeholders, mas a corrupção e a falta de recursos continuam sendo desafios significativos (Antwi et al., 2023; Manan et al., 2023). A aplicação do ESG nas universidades do Sul Global está em estágio inicial, com progressos e desafios substanciais. Limitações financeiras, infraestrutura inadequada, resistência cultural e falta de expertise são barreiras que precisam ser superadas para alcançar objetivos de sustentabilidade ambiental, responsabilidade social e boa governança. Futuros estudos e políticas devem focar em soluções criativas e contextualmente adaptadas, promovendo um ambiente educativo que contribua para o desenvolvimento sustentável global. A implementação de políticas de ESG em instituições de ensino superior é complexa, enfrentando barreiras em níveis micro e macro. Compreender e desenvolver estratégias para superar essas barreiras é essencial. As IES devem investir em liderança, capacitação, recursos e alinhar-se com políticas nacionais e influências globais para uma implementação eficaz. A análise da passividade das IES no Brasil e no Sul Global revela desafios interconectados, como limitações financeiras, infraestrutura inadequada, resistência cultural e falta de expertise, agravados pela falta de formação especializada. Embora existam iniciativas promissoras, ainda são insuficientes para uma mudança sistêmica. Governança transparente e participativa é essencial para superar esses desafios e promover sustentabilidade nas IES do Sul Global. Superar esses desafios requer investimentos em infraestrutura, formação de especialistas, mudança cultural e governança transparente. A colaboração equitativa e valorização das contribuições únicas dessas regiões são cruciais para soluções sustentáveis e inclusivas. Políticas globais de desenvolvimento sustentável devem integrar efetivamente as vozes e perspectivas do Sul Global para promover uma transformação significativa. Jéssica, uma gestora entrevistada, resume a passividade das universidades: "Parece que sempre estamos um passo atrás."