Reumo
As barreiras não tarifárias ao comércio internacional de insumos e produtos impostas pelos países desenvolvidos ganharam expressão nas últimas décadas resultando em efeitos nefastos à balança comercial de países em desenvolvimento. Um caso exemplar é o dos subsídios do governo americano à produção de algodão nos EUA que afetou a produção desta matéria prima no Brasil e em outros países cotonicultores. O presente estudo teve por objetivo analisar o contencioso do algodão entre o Brasil e os EUA, sob a ótica de uma barreira não tarifária de natureza comercial, com vistas a entender como o processo foi instaurado junto à Organização Mundial do Comércio (OMC) e como se deram as negociações e os desdobramentos políticos e econômicos posteriores. O estudo é de natureza qualitativa e fundamentou-se em revisão bibliográfica e documental. A análise das informações obtidas propiciou a identificação da origem do contencioso, a instauração do painel de arbitragem na OMC e a posterior negociação bilateral entre os dois países que em acordo. Após as negociações, este caso passou a ser um exemplo bem-sucedido de desenvolvimento de capacitação pelo Brasil para negociações de barreiras não tarifárias, pela via diplomática, depois de apelar junto à corte de arbitragem da OMC. O caso teve ampla repercussão internacional, pois possibilitou mudanças significativas nas relações econômicas e comerciais internacionais principalmente no âmbito do agronegócio. Com esta conquista da diplomacia brasileira, o país passou a posição de liderança frente aos países em desenvolvimento chegando à mesa de negociações com a Índia, EUA e União Europeia em reuniões recentes da OMC.