Reumo
Os megaempreendimentos ocupam lugar de destaque na política de desenvolvimento brasileira, sendo apresentados como propulsores do progresso nacional. Contudo, a sua execução se processa, de forma geral, com conflitos socioambientais, desigualdades socioeconômicas, desequilíbrio no acesso a informações e desvantagens para as populações historicamente marginalizadas. Diante dessas características, o objetivo desse trabalho é verificar se um dos dez maiores projetos do Plano de Aceleração de Crescimento (PAC) do governo federal, o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), segue o mesmo padrão, ou não. Em caso de resposta negativa, o recurso financeiro alocado reflete o ideal de desenvolvimento sustentável (DS) presente na Constituição Federal? Qual a concepção que prevalece? Aquela que considera a atenção as gerações futuras e o combate às desigualdades como elementos fundamentais para expansão das capacidades dos indivíduos? Com base em uma metodologia qualitativa de análise de documentos oficiais do empreendimento e de matérias de jornais e revistas sobre sua realização, chega-se à conclusão de que há um desalinhamento entre os investimentos e as possibilidades de desenvolvimento sustentável, uma desorganização na execução do investimento e sua captura por interesses privados através de práticas de corrupção por agentes públicos.