Resumo

O rápido crescimento das metrópoles fez com que as edificações multifamiliares se multiplicassem rapidamente. Os arquitetos já não são os principais autores do projeto, tendo como coautores publicitários e vendedores imobiliários. O artigo comparará o projeto de arquitetura residencial de décadas passadas, onde o arquiteto tinha total procurava favorecer o projeto arquitetônico com independência, e um atual projeto, onde o arquiteto atua regido por normas e regras. Serão feitas avaliações qualitativas em dois edifícios utilizando-se de critérios em comum, baseados na Norma de Desempenho.

O artigo destaca: avaliações comparativas entre edificações de diferentes décadas; comparativo das avaliações em relação à Norma NBR 15.575/13; divergência dos pontos abordados em relação a mesma. Sua principal finalidade é de demonstrar a importância do papel do arquiteto como principal responsável do processo decisório do projeto, além da importância da prática da avaliação das edificações residenciais a fim de apontar possíveis melhorias no projeto avaliado e nos sucessores, além da explicitação de critérios da Norma de Desempenho que devem ser contestados e reavaliados, se possível.

Antigamente, os arquitetos projetavam “intuitivamente” conforme os conceitos de sustentabilidade, mesmo não existindo o termo. A arquitetura praticada era focada no conforto dos usuários independente de normas ou legislações. Atualmente, o arquiteto é regido por diretrizes, as quais devem ser cumpridas para garantir um bom conforto ao usuário, em sua maioria elaboradas de modo generalizado, sem maiores especificidades. As facilidades tecnológicas atuais facilitaram a vida do projetista, porém também trouxeram maior gasto energético, o que trouxe a necessidade de criar o termo sustentabilidade.

Após escolha dos edifícios, de mesma orientação e próximos, foram preenchidas duas tabelas, com base nos critérios do checklist do Guia CBIC – Dúvidas sobre a Norma de Desempenho (2015), uma para cada edificação, com base na avaliação qualitativa observada no local e da entrevista com moradores, resultando uma terceira tabela de comparação entre os dois edifícios, com os itens referentes ao projeto arquitetônico. Então foram feitas discussões a respeito da arquitetura atual e a praticada em décadas passadas e quais sugestões de aprimoramento a norma de desempenho deveria ter.

A partir de tabelas produzidas com os dados das edificações, foram feitas análises conforme cada categoria da norma. O estudo entre as duas edificações tinha como suposição um melhor desempenho do prédio mais antigo, pois o modo de projetar na época já comtemplava diretrizes de sustentabilidade antes mesmo do surgimento do termo. Com a avaliação comparativa, após a análise pode-se observar com a contagem total de itens atendidos e não atendidos, 63 atendidos do prédio mais recente contra 61 atendidos do prédio antigo, que a edificação construída mais antiga possuiu melhor desempenho.

Após o experimento foi possível questionar a Norma de Desempenho quanto à sua generalidade. Esta possui trechos onde se recomendam usar dados aproximados para obtenção de resultados, tais como: “recomenda-se utilizar os dados climáticos de uma cidade próxima com características semelhantes, na mesma Zona bioclimática brasileira” (ABNT NBR 15.575-1:2013, p.21), onde se pode questionar a veracidade dos resultados. Percebeu-se a necessidade de ser revisada a Norma NBR 15.575/13 para que possa realmente ser considerada uma diretriz a ser seguida quando ao quesito sustentabilidade de uma edificação

ABNT NBR 9050:2015, Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos; ABNT NBR 15575-1a5:2013, Edificações habitacionais - Desempenho; CBIC – Câmara Brasileira da Indústria da Construção. Dúvidas sobre a Norma de Desempenho – Especialistas Respondem. Brasília, 2015; CAVALCANTE. Márcia G. Os edifícios de apartamentos em Fortaleza (1935-1986): dos conceitos universais aos exemplos singulares. 2 v. Tese (Doutorado em Arquitetura) – Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2015.