Resumo

Título do Artigo

Intensidade Energética e Poluidora da Indústria Brasileira de 1970 A 2016
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Tema

Sustentabilidade na economia e na contabilidade

Autores

Nome
1 - LUIZ GUSTAVO FERNANDES SERENO
Universidade Federal de Uberlândia - Responsável pela submissão
2 - Daniel Caixeta Andrade
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Reumo

Baseando-se em transformações estruturais da economia e no progresso técnico, a Economia Ambiental apregoa uma redução relativa dos impactos ambientais da produção de riqueza com o desenvolvimento econômico (MUELLER, 2004). Tomando o cenário atual de esforços para a redução das emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) e o papel da energia industrial nas emissões de GEE, é necessário investigar se o comportamento da indústria segue os pressupostos da literatura. Neste artigo, opta-se por construir índices para medir a eficiência da indústria brasileiras em termos de energia e emissões de GEE.
O Brasil - assinante no acordo de Paris (BRASIL, 2015) - se comprometeu em reduzir suas emissões de GEE. Têm-se que a geração e consumo de energia se relacionam com as emissões de GEE, o consumo industrial energético corresponde a um terço do consumo total no Brasil e a intensificação energética recente no país (CEPAL, 2015). Convém, portanto, analisar a eficiência energética do setor. Assim o objetivo desse trabalho é examinar a tendência de longo prazo do Índice de Intensidade Energética (IIE) da indústria brasileira e seus desdobramentos para as emissões de GEE industriais.
A Economia Ambiental defende que o transcorrer do progresso econômico traz consigo a solução para os problemas ambientais que ele mesmo cria (MUELLER, 2004). Trabalhos empíricos trouxeram evidências de que existe a expectativa de redução relativa dos danos ambientais gerados pelas atividades econômicas no longo prazo, ainda que inicialmente ele se relacione a um agravamento da degradação ambiental. Contudo, estudos focados em países emergentes (CEPAL, 2015; MIKETA, 2001) verificaram que essa lógica não necessariamente se aplica para o recurso energia no contexto dos países em desenvolvimento.
O trabalho associa análise descritiva com a construção de índices. Dessa forma, foi realizada um estudo descritivo da demanda energética do setor industrial, bem como evolução das emissões de GEE do setor. Posteriormente, foram calculados os Índice de Intensidade Energética (IIE) e Índice de Intensidade Poluidora (IIP) para indústria e subsetores seguindo Motta e Araujo (1989). Os índices foram, ainda, filtrados pelo método de Hodrick-Prescott (filtro HP) com o objetivo de remover alterações cíclicas e retornarem a tendência estrutural de longo prazo em conformidade com Angelis (2004).
Verificou-se, em geral, que a quantidade necessária de energia para a produção aumentou no período, bem como o volume de emissões industriais de GEE. A eficiência energética industrial - principalmente da indústria de transformação - se agravou no período recente, ainda que a industria extrativa tenha experimentado avanços.Não se observou, ainda, evolução na utilização de energias de fontes renováveis e limpas. Por fim, o setor energético apresenta resultado consideravelmente negativo, o que traz sérias complicações para o horizonte temporal da matriz energética industrial brasileira.
Através dessa análise não é viável admitir a suposição da diminuição relativa do impacto ambiental das atividades produtivas com o simples decorrer do progresso econômico. As eventuais reduções – tanto na demanda energética quanto nas emissões de GEE – se mostraram predominantemente relacionadas a contrações no produto ante melhorias técnicas e, portanto, não significaram tendência de incremento na eficiência energética. Assim sendo, conclui-se que é necessário papel ativo do estado e das indústrias no sentido de caminhar rumo a uma economia sustentável.
ANGELIS, C. T. de. Um Estudo Sobre Os Filtros Hodrick-Prescott Baxter-King. Florianópolis:UFSC, 2004 CEPAL. Relatório Nacional de Monitorização da Eficiência Energética do Brasil. Santiago, 2015 MIKETA, A. Analysis of energy intensity developments in manufacturing sectors in industrialized and developing countries. Ene. Pol., v. 29, n. 10, p. 769–775, 2001 MOTTA, R. S. da; ARAUJO, J. L. de. Decomposição dos efeitos de intensidade energética no setor industrial brasileiro, 1989 MUELLER, C. C. Os Economistas e as Inter-relações entre o Sistema Econômico e o Meio-Ambiente. Brasília: NEPAMA, 2004