Resumo

Em função da substituição do paradigma Fordista-Taylorista pelo da Produção Flexível, ocorrida a partir da segunda metade do Século XX, novas formas das empresas se organizarem se fizeram necessárias uma vez que a competição não mais ocorria prioritariamente entre empresas, mas entre cadeias de. Ampliava-se, assim, a necessidade de se coordenar as diversas etapas do processo produtivo, surgindo o conceito de gestão da cadeia de suprimentos e, paulatinamente foram inseridos novos conceitos, surgindo o de Gestão da Cadeia de Suprimentos Verde e Gestão da Cadeia de Suprimentos Sustentável

Qual a influência das questões socioambientais na forma das empresas se organizarem e transacionarem com seus fornecedores e clientes? Em outras palavras, como as empresas reagiram frente aos novos desafios impostos pelo paradigma da sustentabilidade? Sendo assim, o objetivo do presente trabalho consiste em analisar a evolução ocorrida nessas relações entre as empresas, especialmente nas duas últimas décadas, concentrando o foco nas adaptações ocorridas no sentido de adequarem-se ao novo paradigma, o da sustentabilidade.

Após dividir o período em quatro fases distintas, todas ocorridas na sequência cronológica, buscou-se entender as principais características de cada uma das fases. As quatro fases foram assim constituídas: i) integração das cadeias de suprimentos – a evolução da logística, do operacional ao estratégico, com o surgimento da gestão da cadeia de suprimentos; ii) Tecnologias da Informação e Comunicação como suporte à gestão das cadeias – as cadeias se integrando virtualmente; iii) a gestão da cadeia e o paradigma da sustentabilidade; iv) o surgimento de um novo paradigma – a Indústria 4.0.

Para atingir os objetivos propostos no trabalho partiu-se de uma revisão de literatura baseada na análise de bibliografias já publicadas, possibilitando construir um arcabouço de conhecimento e, a partir do mesmo permitir gerar visão crítica sobre o assunto (GIL, 2007). O período de análise da pesquisa iniciou na década de 90, período que começaram a surgir estudos de autores nacionais com o foco em logística, sua evolução e o surgimento do conceito de gestão da cadeia de suprimentos (WOOD Jr; ZUFFO, 1998; FURLANETTO, 2002).

As estruturas que compõem as formas de coordenar as cadeias de suprimentos foram fortemente impactadas pelo paradigma da sustentabilidade, sendo inseridos novos conceitos como design verde, operações verdes, logística reversa, gestão de resíduos e de produção verde. Para operacionalizar tais conceitos surgiu a gestão verde de cadeias de suprimentos e a gestão da cadeia de suprimentos sustentável, considerada bem mais ampla e inserida dentro do novo paradigma da sustentabilidade. Ou seja, como as operações passaram a ser mais sustentáveis, a forma de gestão também passou a ser dessa forma.

Em relação ao processo de estruturação que as empresas passaram, nas últimas duas décadas, foi possível traçar uma sequência lógica da evolução dos conceitos, as principais características de cada um deles e como as cadeias estão se estruturando, bem como, concluir que, embora esteja surgindo um novo paradigma, o da Indústria 4.0 e que o mesmo pode contribuir para operacionalizar a gestão das cadeias de suprimentos, integrando a cadeia de forma virtual e por meio da internet das coisas, boa parte das empresas brasileiras ainda se encontra nas fases inicias desse processo de estruturação.

FURLANETTO, E. Formação de estruturas de coordenação nas cadeias de suprimentos: estudos de casos de cinco empresas gaúchas. (tese de doutorado) PPGA, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2002 SRIVASTAVA, S. K. Green supply-chain management: a state-of-the-art literature review. International Journal of Management Reviews, v. 9, n. 1, p. 53-80, 2007 VAN HOEK, R.I. From reversed logistics to green supply chains. Supply Chain Management, 4, 129–135, 1999 WOOD JUNIOR, T.; ZUFFO, P. K. Supply chain management. Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v. 38, n. 3, p. 55-63, 1998.