Resumo

A sustentabilidade e o desenvolvimento sustentável são temas que vêm sendo amplamente debatidos e fomentados desde o final do século XX, quando diversos líderes mundiais voltaram sua atenção para a insustentabilidade do modelo econômico dominante. Porém, essa forma de desenvolvimento somente se tornará possível através da educação para a sustentabilidade, na qual as pessoas devem ter acesso aos princípios da sustentabilidade, para que, dessa forma, transformem seus modelos de tomada de decisões, seus hábitos e costumes, tornando-se co-criadores de uma sociedade sustentável.

Para possibilitar o alcance de uma sociedade sustentável, a aplicação de práticas de educação para a sustentabilidade é relevante em todos os níveis de ensino, do nível infantil à pós-graduação. Porém, neste trabalho o foco será o ensino fundamental, pois é lá que as crianças são formadas e, como defendem Davis e Elliott (2014), são elas os maiores agentes de mudança que possuímos. Dessa forma, o objetivo deste trabalho é identificar e analisar como é desenvolvida a educação para a sustentabilidade na escola investigada, e como essas estratégias e práticas de EPS podem ser aperfeiçoadas.

Segundo Lopes e Tenório (2006) o estabelecimento de uma sociedade sustentável depende da Educação para Sustentabilidade, por sua vez, para que esta seja eficiente deve ser desenvolvida com base em princípios norteadores, tais como: Kjørholt (2012) propõe a diferenciação metodológica adultos-crianças; Engdahl (2015) afirmou que não se deve subestimar as crianças; Davis (2008), Engdahl (2015), Jenkins (2015) e Jensen (2002) propuseram as crianças como protagonistas das práticas de EPS; Engdahl (2015) e Busatto (2015) alertam que deve-se evitar o viés ambientalista na EPS; entre outros.

A presente pesquisa segue os pressupostos do paradigma interpretativista, e é de natureza qualitativa, tendo como principal método de pesquisa, a análise interpretativa. A escola objeto do estudo é o IPEI - Instituto Pessoense de Educação Integrada, da qual participaram da pesquisa alunos do 2º, 3º e 5º ano do ensino fundamental I.

As ações de EPS desenvolvidas pela escola foram avaliadas como estando plenamente de acordo com 08 dos 14 princípios de EPS discutidos neste trabalho, o que significa que em relação a esses princípios a escola deve manter constante vigilância quanto as suas orientações. Também é possível perceber que em relação a outros 04 princípios, a escola está apenas parcialmente de acordo, ou seja, quanto a estes, ainda se faz necessário aperfeiçoar as práticas. Por fim, percebe-se que 02 princípios foram avaliados como ainda não praticados, de forma que carecem de maior atenção da escola.

Os diversos princípios orientadores propostos neste trabalho mostraram-se essenciais para o desenvolvimento de práticas de educação para sustentabilidade, de forma que a EPS possa de fato contribuir para a formação de uma sociedade sustentável. A escola investigada pode ser considerada uma referência para demais instituições congêneres, tendo em vista que as suas ações de EPS se mostraram alinhadas com a maior parcela dos 14 princípios propostos nesta pesquisa. Tendo apenas que dedicar maior atenção a alguns princípios que ainda estão parcialmente implementados ou não implementados.

BUSATTO, L. A. C. P. O conceito de sustentabilidade em uma escola pública municipal da educação infantil de SINOP-Mato Grosso. Eventos Pedagógicos, v. 6, n. 2, p. 152-159, 2015. DAVIS, J. What might education for sustainability look like in early childhood? A case for participatory, whole-of-settings approaches. In: Samuelsson, I. P.; Kaga, Y. (Eds.). The contribution of early childhood education to a sustainable society. Paris: UNESCO, 2008. p. 18-24. ENGDAHL, I. Early Childhood Education for Sustainability: The OMEP World Project. IJEC, v. 47, n. 3, p. 347-366, 2015.