Resumo

A insustentabilidade do modelo econômico hegemônico vem fazendo surgir desde o final do século XX uma nova forma de se pensar o desenvolvimento humano, que considera não só o aspecto financeiro/econômico nos processos de tomada de decisão, mas também o social e o ambiental, denominada de desenvolvimento sustentável. Porém para que ela ganhe espaço faz-se fundamental a implementação também de um novo tipo de educação, a educação para a sustentabilidade.

Partindo da relevância da Educação para a Sustentabilidade para a construção de uma sociedade sustentável, torna-se pertinente a contribuição teórica advinda desta pesquisa, haja vista que por meio do alcance do objetivo desta, que é analisar as concepções de sustentabilidade de alunos do ensino fundamental I em uma organização escolar brasileira, visa-se testar o pressuposto teórico de que as concepções sobre sustentabilidade dos estudantes do ensino fundamental I evoluem ao longo deste nível de ensino, colaborando assim com o enriquecimento do arcabouço teórico da área.

Para Elkington (1997), Cavalcanti (1998) e Jacobi (2003) sustentabilidade é a necessidade de se atrelar as dimensões sociais e ambientais à dimensão econômica nos processos de tomada de decisões e nos hábitos dos diversos atores sociais. Já Sachs (2002) defende que a sustentabilidade é o agregar de muitas outras dimensões ao processo de tomada de decisão, tais como: Social, cultural, ecológica, ambiental, territorial, econômica, política nacional, e a política internacional. Lopes e Tenório (2006) por sua vez propõe que a sustentabilidade seja compreendida como um tetraedro.

A presente pesquisa segue os pressupostos do paradigma interpretativista, e é de natureza qualitativa, tendo como principal método de pesquisa, a análise fenomenográfica com o uso de desenhos. A escola objeto do estudo é o IPEI - Instituto Pessoense de Educação Integrada, da qual participaram da pesquisa alunos do 2º, 3º e 5º ano do ensino fundamental I.

Quanto aos resultados, a análise evidenciou cinco formas qualitativamente diversas de se compreender a sustentabilidade por parte dos alunos que participaram da pesquisa, sendo estas: (1) Preservacionista; (2) Intervencionista; (3) Conciliatória socioambientalista; (4) Conciliatória sócio-econômica-ambientalista e (5) Intergeracionalista. Também foi possível perceber que a variação dessas concepções ao longo do ensino fundamental I é ascendente, ou seja, se amplia e aprofunda ao longo dos anos escolares.

Essa relação qualitativa positiva entre o nível de ensino (ano) e o nível de concepção de sustentabilidade ao mesmo tempo que enseja o reconhecimento dos méritos da escola investigada, quanto à eficácia das ações de EPS desenvolvidas para com os seus alunos, traz para ela a grande responsabilidade de manter e aperfeiçoar essas ações, a fim de que continue e amplie o seu papel como protagonista da formação das concepções de sustentabilidade dos seus alunos.

CAVALCANTI, C. Sustentabilidade da economia: paradigmas alternativos de realização econômica. In: ______. (Org.). Desenvolvimento e natureza: estudos para uma sociedade sustentável. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1998. p. 153-174. ELKINGTON, J. Cannibals with forks: the triple botton line of 21st century business. Oxford: Capstone, 1997. JACOBI, P. R. Educação ambiental, cidadania e sustentabilidade. Cadernos de Pesquisa, n. 118, p. 189-205, 2003. LOPES, U. M.; TENÓRIO, R. M. Gestão da sustentabilidade de organizações não governamentais. Luanda: ADRA, 2006.