Resumo

Título do Artigo

Da lama ao caos, do caos à grana: Um estudo sobre os efeitos econômicos do rompimento da Barragem de Fundão
Abrir Arquivo

Tema

Sustentabilidade na economia e na contabilidade

Autores

Nome
1 - Thiago de Andrade Neves
Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA/USP) - Responsável pela submissão
2 - Gabriel Rocha Venturim
Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA/USP) - Administração

Reumo

A tragédia sem precedentes ocorrida pelo rompimento da Barragem de Fundão em Mariana no ano de 2015 causou enormes consequências ambientais, sociais, políticas e jurídicas. Este trabalho realiza uma análise econométrica do impacto do evento sobre os municípios mineiros atingidos pela lama utilizando o método Diff-in-Diff entre os anos de 2010 e 2016. Os resultados apontam que não existem efeitos significativos na renda per capita, indicam a relevância do estudo, as limitações e sugerem aplicações futuras.
As consequências de tragédias ambientais sempre foram objeto de estudo na literatura econômica. Todavia, existe uma grande discussão se estas consequências são positivas ou negativas para as economias regionais afetadas por estes eventos. Desta forma, o objetivo da pesquisa foi observar os impactos na renda per capita das cidades mineiras diretamente impactadas pelo desastre da Barragem de Fundão no tempo, aferindo o comportamento econométricos nos municípios atingidos pela diretamente pela tragédia.
Se por um lado alguns estudos apontam que há robusta correlação positiva entre a frequência de desastres naturais e o crescimento econômico de longo prazo (CUARESMA; HLOUSKOVA; OBERSTEINER, 2008; ALBALA-BERTRAND, 1993; LEITER et al., 2009), de outro temos pesquisas que demonstram que tais efeitos são negativos (HOCHRAINER, 2009; NOY, 2009; RODRIGUEZ-ORREGGIA; FUENTE; TORRE, 2008; STROBL, 2009; SKIDMORE; TOYA, 2002). Há, ainda, trabalhos que indicam que tais eventos não acarretam efeitos significativos no crescimento econômico (CAVALLO et al., 2013 ; RADDATZ, 2007; RADDATZ, 2009; MECHLER, 2009)
Utilizando a base de dados do Índice Mineiro de Responsabilidade Social (IMRS), as análises foram realizadas por meio da técnica estatística DID (Difference-in-Differences). Para tanto, foram observadas variáveis econômicas (rendimento per capita no setor formal) entre os anos de 2010 e 2016. Dos 41 municípios afetados pelo evento, foram analisadas como grupo de tratamento as 35 cidades mineiras que sofreram diretamente com a tragédia e, como controle, outras 35 cidades mineiras com populações semelhantes ao primeiro conjunto.
No que tange à análise econométrica dos dados utilizados, observa-se que entre os anos de 2010 e 2011 as médias de renda per capita entre as cidades atingidas pela tragédia e aquelas de tratamento eram próximas. A partir de 2012, a diferença média de rendimento entre os grupos começou a se distanciar, comportamento este que permaneceu até o ano de 2016, o período analisado após o rompimento da barragem (Fig. 1). Observa-se, assim, que há uma maior diferença de renda per capita entre o grupo em anos anteriores a tragédia que aqueles observados no ano de 2016, após o evento.
Diferentemente ao que se intui, os dados demonstraram que a tragédia ambiental não influiu significativamente nos municípios diretamente atingidos pela lama. Observou-se que nos anos anteriores ao incidente, a renda dos municípios do grupo de tratamento já vinha reduzindo paulatinamente quando comparada ao grupo de controle, permanecendo estável após o evento, como demonstrado na análise descritiva dos dados. Aplicado o modelo Diff-in-Diff, verificou-se que, com os dados coletados, não houve efeito significativo entre a renda per capita nos municípios atingidos.
ALBALA-BERTRAND, 1993; CAVALLO et al., 2013; CARMO et al., 2016; CUARESMA, 20018; FERNANDES et al., 2016; FONSECA et al.,2016; GOMES et al., 2017; HOCHRAINER, 2018; LEITER, 2009; MECHLER, 2018; NOY, 2009; RADDATZ, 2007; RADDATZ, 2018, RODRIGUEZ-OREGGIA, 2008; SKIDMORE, 2002; STROBL, 2018.