Resumo

O turismo pode ser considerado um setor altamente sensível às mudanças climáticas. Entretanto, a mudança climática se tornou uma questão chave na agenda política do turismo internacional recentemente. Ações de adaptação são igualmente necessárias devido ao elevado potencial que o turismo tem de ser afetado pelas mudanças climáticas. Conforme Bushell & Simmons (2013), o setor do turismo precisa não somente mudar a atitude de seus operadores, mas também aumentar o nível de consciência sobre as questões ambientais associadas com a mudança climática, bem como mudar suas práticas e comportamentos.

Os meios de hospedagem compõem um dos principais equipamentos do turismo, são, na verdade, a base da cadeia do turismo. Além disso, atuam em favor da promoção dos destinos turísticos, do estímulo à circulação de pessoas e à realização de eventos. Analisar as estratégias deste equipamento do turismo se faz relevante. Propôs-se a responder a seguinte questão: Como os meios de hospedagem do sudeste brasileiro estão se adaptando à mudança climática e seus eventos climáticos extremos? O objetivo foi identificar as estratégias de adaptação a mudança climática em meios de hospedagem.

O setor do turismo deve melhorar sua capacidade de adaptação para lidar com os impactos da mudança climática (Scott & Becken, 2010) e desenvolver estratégias de curto, médio e longo prazo adaptar suas atividades (Gossling, 2011). Com o seu crescimento em escala global, o turismo traz diversos benefícios socioeconômicos, como aumento e criação de novos postos de trabalho, novos negócios e receita de exportação, mas também tem consequências para o meio ambiente que precisam ser quantificadas e avaliadas, considerando que o turismo afeta e é afetado pela mudança climática (Cabrini, 2013).

A pesquisa se caracteriza como exploratório-descritiva. A abordagem qualitativa mostrou-se a mais adequada para o alcance do objetivo deste estudo. Estudo de caso foi a estratégia de pesquisa, que conforme Yin (2009), se revela como o método mais utilizado por pesquisas que abordam questões do tipo “como” ou “por que” com foco em fenômenos contemporâneos. A coleta de dados se deu por meio da realização de entrevistas com roteiro estruturado, que foi aplicado aos gerentes de 14 meios de hospedagem. A análise dos dados deu-se por meio da análise de conteúdo (Bardin, 2011).

A primeira subcategoria, conforme mostra é abastecimento suplementar de água, que foi mencionado por 13 (treze) dos 15 (quinze) entrevistados. 6 (seis) deles afirmaram que atualmente utilizam aquecimento a lenha ou caldeira. O aumento na capacidade de armazenamento de água foi mencionado por 10 (dez) respondentes. Campanha de sensibilização e reutilização de água foi citado por 8 (oito) respondentes, cada. 11 (onze) dos 15 (quinze) respondentes fizeram poços artesianos durante ou depois da crise hídrica. 8 (oito) respondentes afirmaram praticar a reutilização da água.

A pesquisa atingiu seu objetivo de identificar as estratégias de adaptação dos meios de hospedagem pesquisados. Observou-se que, mesmo existindo diversas estratégias de adaptação, as mesmas ainda são consideradas reativas, ou seja, tiveram início ou aumentaram após a crise hídrica que afetou a região em 2014. O lado positivo é que, mesmo com o passar dos anos, os gerentes continuam mantendo suas estratégias, principalmente por terem observado diversos resultados positivos, como a economia de energia e água, por exemplo.

Saarinen, J. et al. (2013). Tourism and climate change in southern Africa: sustainability and perceived impacts and adaptation strategies of the tourism industry to changing climate and environment in Botswana. In: Reddy, M. V.; Wilkes, K. (eds). Tourism, climate change and sustainability. Routledge. Becken, S. (2013). A review of tourism and climate change as an evolving knowledge domain. Tourism Management Perspectives. 6, 53-62. Wise, R. M. et al. (2014). Reconceptualising adaptation to climate change as part of pathways of change and response. Global Environmetal Change. 28, 325-336.