Resumo

Título do Artigo

O RETRATO NA PAREDE: Sociedade civil itabirana contra a minério-dependência.
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Tema

Políticas Públicas para a Sustentabilidade

Autores

Nome
1 - Frederico Dornellas Martins Quintão
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais - PUC Minas - Programa de Pós Graduação em Administração Responsável pela submissão
2 - Armindo dos Santos de Sousa Teodósio
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais - Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

Reumo

Desde o Brasil colônia, as riquezas naturais e, principalmente, as minerais do nosso território, são exploradas. Itabira é uma cidade do interior de minas que é o reflexo dessa atividade a partir da criação da empresa Vale, que explorou as riquezas da cidade e impediu a criação de alternativas econômicas. Espera-se que esse estudo possa contribuir com a pesquisa acadêmica e servir de embasamento para que os atores sociais tragam ao campo do debate a capacidade dos habitantes afetados pela mineração de se mobilizar e criar alternativas viáveis para a minério-dependência.
Essa pesquisa buca compreender a percepção dos itabiranos sobre o desenvolvimento socioeconômico da cidade e sua possível correlação com a minério-dependência. Além disso, é de interesse entender as possibilidades e alternativas sob o ponto de vista dos moradores, de modo a contribuir para a busca de melhorias para o desenvolvimento de Itabira.
Uma das formas de compreender a dinâmica de cuidado de um território é por meio da gestão social. Esta, reforça a importância do estado em resolver demandas sociais do local onde ele é responsável. Essa aproximação de entendimento estado-sociedade só seria possível por meio da cidadania, formada pela capacidade do cidadão de verbalizar suas demandas e no paralelo atendimento do estado, beneficiando a coletividade (TENÓRIO, 1998).Chama à atenção de Tenório (1998), quais são as práticas do estado para se atingir esse fim, colocando-se entre o dilema da gestão estratégica ou da gestão social.
Para obtenção dos dados primários, este estudo se valeu de questionários para a participação de 16 pessoas. Obtivemos taxa de resposta de 50%, com 8 pessoas respondentes. A coleta de dados compreendeu o período de agosto a outubro de 2019 e o contato foi feito inicialmente por telefone. Os atores sociais foram escolhidos em razão das instituições a qual pertencem na cidade de Itabira, bem como o histórico de participação na construção das condicionantes, além dos que possuem preocupação, monitoramento e proposição de soluções para os diversos problemas socioambientais demandados pela cidade.
Os respondentes apontam que as insituições da sociedade civil e as instituições a quais representam são fundamentais nesse processo, isso demonstra o engajamento e a responsabilidade que os atores mantêm pela cidade para seu desenvolvimento, fator primordial para que sejam elaborados espaços e processos de tomada de decisão coletiva nos territórios. Entretanto, alguns participantes disseram não conhecer bem os projetos elaborados na cidade. Um fator que pode levar a essa discrepância de conhecimento dos projetos é a falha de planejamento participativo entre poder público e sociedade.
Os atores sociais estão cientes dos problemas e potencialidades da cidade. Desde a criação da Vale em Itabira, os cidadãos se atentaram que “minério dá uma safra só” e reivindicaram e reivindicam com sucesso a independência da cidade que teve suas vocações sufocadas pela mineração. Unificar a sociedade em um grupo independente que possa discutir e propor com seriedade o desenvolvimento da cidade parece ser uma alternativa plausível, uma vez que o tema não estaria concentrado em interesses políticos ou econômicos.
TENÓRIO, Fernando C. Gestão social: uma perspectiva conceitual. RAP: Revista de Administração Pública, v. 32, n. 5, p. 7-23, set./out. 1998 ACSERALD, Henri. Políticas territoriais, empresas e comunidades: O neo-extrativismo e a gestão empresarial do “social”. Rio de Janeiro. Garamond, 2018 GUDYNAS, Eduardo. Diez tesis urgentes sobre el nuevo extractivismo: contextos y demandas bajo el progressismo sudamericano actual. In: CENTRO ANDINO DE ACCIÓN POPULAR; CENTRO LATINO AMERICANO DE ECOLOGÍA SOCIAL. Extractivismo, política y sociedad. Quito, Ecuador: CAAP, CLAES, 2009. p. 187-225.