Resumo

A sociedade contemporânea é sequiosa por energia e as diferentes formas de produção desse insumo geram impactos ambientais e econômicos distintos. Os sistemas fotovoltaicos residenciais ainda são uma novidade no Brasil: ausente no planejamento em 2006, foi regulamentado em 2012 e ganhou tração a partir de 2014, com aumentos de preço de energia elétrica. Esta opção de energia limpa traz desafios como avaliar o retorno do investimento em um período longo, com grande incerteza: preço da energia elétrica, incidência solar, inflação, tempo de vida dos equipamentos e desgaste anual, entre outros.

Os investimentos em projetos fotovoltaicos residenciais, como uma alternativa sustentável para geração de energia elétrica na região Amazônica, são economicamente viáveis, dados os preços praticados por revendedores e distribuidoras de energia elétrica? O presente trabalho tem como objetivo analisar, com apoio da simulação Monte Carlo, a viabilidade financeira de projetos fotovoltaicos residenciais conectados à rede elétrica brasileira, como alternativa sustentável para a região Amazônica, considerando os preços praticados por revendedores e distribuidoras de energia elétrica.

Barreto e Veiga (2019) afirmam que as células fotovoltaicas além de gerar uma energia limpa e renovável, assegurando a sustentabilidade ambiental, garantem também a sustentabilidade econômica. Para chegar a esta conclusão é necessária a realização da análise de viabilidade financeira sob condições de incerteza, que pode ser realizada pela simulação Monte Carlo, substituindo análises de sensibilidade presentes em técnicas determinísticas por probabilidades de retorno de indicadores de investimento presentes em técnicas estatísticas.

Esse estudo trabalhou com um conjunto de 11 variáveis e suas distribuições para as 7 capitais da região norte brasileira. A simulação Monte Carlo foi implementada através de um programa desenvolvido pela empresa Palisade, denominado @Risk. A presente pesquisa considerou preços e performance de sistemas encontrados no mercado brasileiro. A única tecnologia examinada foi a de painéis fotovoltaicos por ser a mais difundida e acessível. A instalação contemplada é a fixa, excluindo-se estruturas de direcionamento (tracker) de 1 e 2 eixos devido à variabilidade dos custos de fabricação e montagem.

Os resultados em valores médios nas 7 capitais da região norte, demonstram que em nenhum momento os sistemas fotovoltaicos residenciais apresentam desempenho financeiro desfavorável. O pior resultado foi em Macapá com um sistema de 1,5 kWP, que obteve uma taxa interna de retorno (TIR) de 15,62% e valor presente líquido (VPL) de R$10455. Na outra ponta obteve-se uma TIR de 30,96% e um VPL de R$269131 em Belém. Esses resultados avançam em relação a pesquisas que não recomendavam o investimento (LACCHINI; SANTOS, 2013) ou eram favoráveis somente em condições específicas (MITSCHER; RÜTHER, 2012).

A avaliação de viabilidade financeira de sistemas fotovoltaicos residenciais é particularmente complexa no Brasil: cada capital possui custos de energia e taxas de radiação solar próprias, além de uma incidência tributária diferenciada para cada unidade da federação. Apesar disso, mesmo trabalhando com os valores mínimos de TIR e VPL obtidos durante as simulações, esses sistemas mostraram-se viáveis economicamente em todas as cidades. Trata-se de um alento a todos aqueles que desejam o avanço das fontes de energia limpa, para mitigar os problemas ambientais da Amazônia Brasileira.

BARRETO, W. F.; VEIGA, A. J. P. Energia solar: Um futuro sustentável para Vitória da Conquista-BA. Geopauta, v. 3, n. 2, p. 77-95, 2019. LACCHINI, C., SANTOS, J. C. V. Dos. Photovoltaic energy generation in Brazil – Cost analysis using coal-fired power plants as comparison. Renewable Energy, v. 52, p.183-189, abr. 2013. MITSCHER, M., RUTHER, R. Economic performance and policies for grid-connected residential solar photovoltaic systems in Brasil. Energy Policy, v. 49, p.688-694, out. 2012.