Resumo

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NECROPOLÍTICA VALE?!: Práticas de dominação e resistência em territórios afetados pela “Minério-Dependência”
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Autores

Nome
1 - Frederico Dornellas Martins Quintão
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais - PUC Minas - Programa de Pós Graduação em Administração Responsável pela submissão
2 - Armindo dos Santos de Sousa Teodósio
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais - Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

Reumo

A exploração mineral no Brasil remete à época da colonização, trazendo consigo a escravidão, genocídio indígena, condições precárias de trabalho e má distribuição de renda. Minas Gerais é um dos estados responsáveis por essa riqueza natural, sendo berço da mineradora Vale, organização considerada genocida e ecocida pelos movimentos sociais e ambientais que tentam estabelecer resistências frente à exploração mineral. Desde sua fundação em Itabira, Minas Gerais, a Companhia Vale do Rio Doce é responsável por diversos acidentes de trabalho e como se não bastasse, é possível registrar também diver
Para investigar as aproximações entre o necropoder e a necropolítica colonial de Mbembe nos tempo modernos e no Brasil, esse artigo lançará mão de um estudo de caso da mineração a partir das práticas da empresa Vale S/A. A indagação que guia a investigação baseia-se na geração de valor que a necropolítica perpetrada por uma grande organização mineradora pode gerar, ou melhor, um desvalor para trabalhadores, comunidades, governos e sociedade em geral. Daí surge a indagação do título: Necropolítica Vale!?, necropolítica vale?! O que vale? Para quem vale?
As implicações do colonialismo podem ser exploradas pelo olhar do filósofo camaronês Achiles Mbembe (2015). Lançando mão de uma releitura do conceito de biopoder europeu de controle e conservação da vida proposto por Foucault, Mbembe decide se apropriar de um fenômeno vivenciado pelos países que foram colonizados pelos europeus: o do extermínio consciente e sistemático dos povos originários ou escravizados pelo colonizador. Inaugura-se portanto o “fazer morrer”, epistemologia base do que Mbembe denomina como Necropolítica e Necropoder.
Esse artigo é derivado de uma pesquisa que assume características de um estudo de caso para compreender as formas de ação da Vale S/A sobre os atores dos territórios nos quais atua, a partir das práticas de necropolítica e necropoder descritas pelo filósofo Achilles Mbembe. Para que isso seja possível, realizamos uma pesquisa documental a fim de compreender as relações de trabalho da mineradora, por meio de sítios eletrônicos e reportagens sobre o cotidiano dos territórios mineradores.
É possível identificar como os conceitos de necropolítica e máquinas de guerra, sustentadas pelo colonialismo, estão entrelaçados com as práxis da mineradora Vale. Esta, assume caráter polimorfo típicas das máquinas de guerra: Entrelaçamento com o estado, mercantilização e uso de poder e soberania subjugando povos colonizados para o cumprimento de seus objetivos financeiros.
Como demonstrado, a Vale foi fundada em um contexto colonial e escravagista do trabalho, implicando na exploração da mão de obra para obtenção de lucro, além do emprego da repressão armada e policial para exercer a sua soberania e dominação sobre os negros e operários. Esse padrão de comportamento para com seus funcionários continuou com a modernização e privatização da mineradora, fazendo com que esta lançasse mão de formas de dominação camufladas como o assédio moral, ao mesmo tempo em que continua colocando o corpo biológico de seus funcionários em risco, seja ao COVID-19 ou em barragems
MBEMBE, Achille. Necropolítica. Arte & Ensaios. nº 32. 2016 ACSERALD, Henri. Justiça ambiental e construção social do risco. XIII Encontro Nacional da Associaí;;lo Brasileira de Estudos Populacionais, Caxambu, novembro 2002 . MINAYO, Maria Cecília de Souza. De ferro e flexíveis: marcas do estado empresário e da privatização na subjetividade operária. Rio de Janeiro: Garamond, 2004. FERREIRA, Ana Gabriela Chaves. Mineração em serra tanto bate até que seca: A presença da Vale em Itabira para além do desenvolvimento dos conflitos ambientais. Belo Horizonte – UFMG. 2015