Resumo

Os países em desenvolvimento perdem mais de 40% da água tratada distribuída pelas empresas de abastecimento devidos a vazamentos, enquanto a média mundial é da ordem de 20%. Ao diminuir as perdas entre 5% a 10%, as empresas economizariam até US$ 4,6 bilhões (MOSER; PAAL; SMITH, 2015). Para um gerenciamento eficaz em uma empresa de abastecimento, é necessário mensurar dados detalhados sobre a rede de distribuição de água. A necessidade crescente de novas fontes de água com a preservação do meio ambiente torna fundamental determinar e reduzir as perdas de água (OCIEPA; MOLIK; LACH, 2018).

As perdas de água são características de todos os sistemas de abastecimento (SNIS, 2016), porém altos índices de desperdícios, somados a épocas de escassez hídrica, evidenciam ineficiência no gerenciamento e na distribuição (MORAIS; CAVALCANTE; ALMEIDA, 2010). Esta pesquisa buscou avaliar o sistema de distribuição de água, efetuando estudo de caso no município de São Luís/MA. Devido aos altos indicadores de perdas de água no abastecimento, conforme as informações do SNIS (2018), a CAEMA tem índices de 66,3% de desperdícios de água, 26,3% a mais que a média nacional (40%), que já é alta.

As perdas nos sistemas de abastecimento são conceituadas, na visão de Tardelli (2015), como a diferença entre a água tratada disponibilizada nas redes de distribuição e a medição de consumo dos clientes finais. Para Gupta e Kulat (2018), as perdas de água definidas como aparentes abrangem erros de medição, consumo não autorizado e fraudes. As perdas reais são caracterizadas por vazamentos na rede. Os indicadores de desempenho permitem avaliar os sistemas de abastecimento de água, envolvendo a determinação da vazão e embasando ações de prevenção de perdas de receita (MUTIKANGA et al., 2010).

A pesquisa foi realizada na CAEMA, em São Luís – MA. O Sistema de distribuição é subdividido em sete zonas de abastecimento, com uma população atendida de 897.890,00. A análise dos dados foi referente ao período de 2014 a 2018, obtidos no Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS). A partir destes dados foram estimados os indicadores recomendados pela IWA (Lambert, 2000). a) Perdas reais anuais totais (CARL); b) Água sem receita (NRW); c) Perdas reais anuais inevitáveis (UARL); d) Indicador técnico de perdas reais (TIRL); e) Índice de vazamento de infraestrutura (ILI).

O ano de 2018 teve o maior volume de perdas no período analisado, resultando no total de 83.160.240 m³, representando 66,23% em percentual de perdas. Apresentou ainda o índice de perdas de água sem receita, contabilizando 66,25%. Com a tarifa média praticada de R$ 3,89, estimou-se perdas de receitas em R$ 323.493.333,60.Os recursos financeiros poupados com a diminuição das perdas de água podem ser empregados para ampliar a rede hídrica, reduzir as crises de escassez, os custos de produção, diminuir tarifas, elevar os ganhos econômicos e melhorar a saúde da população (WYATT; ALSHAFEY, 2012).

Um conceito básico para a gestão de perdas de água em uma empresa de abastecimento de água é a coleta de dados precisos e detalhados sobre as condições da rede de distribuição de água. Os indicadores determinados permitiram uma análise preliminar e avaliação das condições do sistema de abastecimento da CAEMA indicaram elevados níveis de perdas de água e necessita desenvolver uma gestão adequada de perdas de água. Entre 2014 e 2018, houve uma pequena variação nas perdas, porém os índices foram superiores a 60%. Todos os indicadores abordados no estudo evidenciam elevadas perdas de água.

GUPTA, A.; KULAT, K. D. A Selective Literature Review on Leak Management Techniques for Water Distribution System. Water Resources Management, v. 32, n. 10, p. 3247–3269, 2018. LAMBERT, A.; HIRNER, W. Losses from Water Supply Systems: Standard Terminology and Recommended Performance Measures. The Blue Pages, p. 13, 2000. MOSER, G.; PAAL, S. G.; SMITH, I. F. C. Performance comparison of reduced models for leak detection in water distribution networks. 2015. MUTIKANGA, H. et al. using performance indicators as a water ioss management tooi in developing countries. Aqua, v. 59, p. 15, 2010.