Resumo

Título do Artigo

Os desafios da transição energética das Usinas Eólicas no Uruguai
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Tema

Inovação Sustentável e Marketing

Autores

Nome
1 - Kleber Costa Corrêa
Universidade Federal de Santa Catarina - Responsável pela submissão
2 - Mauricio Uriona Maldonado
Universidade Federal de Santa Catarina - Programa de Pos-Graduação em Engenharia de Produção
3 - Caroline Rodrigues Vaz
UFSC Universidade Federal de Santa Catarina - Engenharia de Produção

Reumo

O Uruguai em pouco mais de uma década transformou-se de um país com uma matriz puramente hidrotérmica, para tornar-se o país com maior percentual de energia eólica gerada da América Latina, ocupando a 3ª posição a nível mundial. A “Política Energética 2005-2030” uruguaia foi desenvolvida para estabelecer uma política de estado com visão de longo prazo e um marco institucional e regulatório apropriado, estabelecendo diretrizes no campo da energia em nível nacional. O exemplo uruguaio pode servir de inspiração para outros países, auxiliando a criação de um ambiente para expansão das renováveis.
O interesse por estudar a transição a sistemas de energia mais limpa, portanto, requer de arcabouços teóricos que ajudem a entender como ocorre o processo (visão positiva) e como deveria dar-se, de forma mais eficiente (visão normativa). Estudos nesta linha podem ajudar a entender o estágio dos estudos e da evolução da fonte. O objetivo deste trabalho é determinar os fatores que levaram a uma incorporação exitosa da fonte eólica no Uruguai, de maneira a auxiliar outros países a viabilizar a transição energética e descarbonização de suas matrizes.
De acordo com Robinson (2013) uma política energética considerada como um planejamento de longo prazo, formulado e implementado pelo governo ou por suas agências, que tem por objetivo melhorar o que de outra forma seria o resultado do comportamento do mercado. Desta forma as transições energéticas requerem importantes transformações em processos, práticas e conhecimento sobre fontes de energia, produção, distribuição, entre outros. Existem diversas iniciativas privadas, políticas públicas e movimentos sociais que envolvem transformações da forma convencional de geração de energia (KAMP, 2008).
Foram realizadas 21 entrevistas semiestruturadas com profissionais vinculados do setor elétrico uruguaio que participaram ativamente da transição energética e da difusão da fonte eólica no país. Também se realizou uma revisão não estruturada utilizando-se documentação indireta, baseada em pesquisa documental e bibliográfica. Por fim a exploração e tratamento dos dados conduzidos por meio da utilização do software Nvivo permitiu que a interpretação das entrevistas pudesse ser analisada gerando importantes insights com relação ao seu conteúdo.
A Política Energética 2005-2030 foi um pilar do desenvolvimento de energias renováveis não convencionais no Uruguai e guiou as principais linhas de ação na última década. O volume de energia elétrica gerada no Uruguai em 10 anos aumentou cerca de 65%, de aproximadamente 8.500 GWh em 2008 a mais de 14.000 GWh em 2018. Destaca-se que em 2018 97% da energia elétrica gerada no país foi proveniente de fontes renováveis, sendo que a eólica representou impressionantes 33% da geração da eletricidade. O processo teve ampla participação de agentes e se destaca a estabilidade do país para investidores.
O estudo da revolução eólica no Uruguai é uma oportunidade de aprender como uma política pública pode ser implementada para desenvolver uma atividade desconhecida em um país, com liderança do governo, mas envolvendo diferentes atores. E ainda que um processo considerado bem-sucedido também possui críticas e barreiras sobre sua forma de implementação e resultados. O mercado uruguaio colhe os frutos da rápida transição as renováveis não convencionais e vive uma confortável sobre oferta de energia. As principais razões para o sucesso dessa expansão foram apresentadas no capitulo de discussões.
GEELS, F.W. 2002. Technological transitions as evolutionary reconfiguration processes: a multi-level perspective and a case-study. Research Policy 31, 1257–1274 KAMP, L. M. 2008. ‘Socio-technical Analysis of the Introduction of Wind Power in the Netherlands and Denmark’, International Journal of Environmental Technology and Management, 9/2-3: 276–93 ROBINSON, C. 2013. Energy policy: a full circle? In: FOUQUET, R. (Ed.) . Handbook on Energy and Climate Change. Cheltenham, UK.