Resumo

A discussão da sustentabilidade em integrado o debate de vários segmentos da nossa sociedade desde da década de 70. Com isso, temos atualmente uma quantidade significativa de paradigmas que buscam explicar o fenômeno, o que mostra a sua importância. Mas mesmo diante de dezenas de paradigmas, a sustentabilidade ainda encontra resistência nos mais variados segmentos da sociedade.

Um segmento importante nesse processo, são os administradores públicos, responsáveis por implementar e executar políticas, entre elas, as ambientais. Assim, entendemos como importante a inserção de sustentabilidade na formação destes profissionais. Por meio de uma análise documental, o objetivo foi analisar os projetos pedagógicos dos cursos de administração pública

A importância da temática tem cada vez mais ganhado espaço nas discussões da sociedade global. Importa destacar que a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou a resolução 59/237 (UNESCO, 2005) em que proclamou o período de 2005-2014 como a década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável (DNUEDS), em que fomenta aos países a necessidade do ensino da sustentabilidade. Destaca-se também o lançamento dos ODS e a Agenda 2030 (UNDP, 2015). Todos estas ações apontam o DS como uma emergência a ser inserida nas agendas políticas de todas as nações (AGBEDAHIN, 2019).

Para tanto, o presente artigo faz uma análise dos currículos dos cursos de administração público ofertados pelas instituições de ensino superior públicas e privadas. A seleção das instituições se deu com base no relatório do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) 2018. Esta é uma ação do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES) em que visa avaliar o desempenho dos cursos superiores brasileiros. É realizado anualmente pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), órgão ligado ao Ministério da Educação. (BRASIL, 2004)

Os resultados sugerem que as formações dos administradores públicos estão em um estágio, que reconhece a necessidade de mudança do modelo de desenvolvimento sustentável econômico, mas não chega a reconhecer crise crescente e mesmo um possível colapso futuro.

As descobertas desta pesquisa foram possíveis pelo paradigma de compreensão do desenvolvimento sustentável de Hopwood Mellor e O’brien (2005), que possibilitou colocar em uma quadro o ensino da sustentabilidade na formação da administração pública em estágios de status quo, reforma e transformação. Esta classificação de forma clara em que estágio cada curso está inserido, possibilitando entender que mudanças precisam ser inseridas no currículo para avançar nos estágios da sustentabilidade mais ecológica.

ABRUCIO, F. L. Trajetória, inovações e perspectivas: o curso de Administração Pública da FGV-SP. In: VENDRAMINI, P.; ALMEIDA, L. DE S. B. (Eds.). . Pioneiismo, Renovação e Desafios: experiência do Campo de Públicas no Brasil. Florianópolis-SC: Usdec, 2017. p. 85–104. AGBEDAHIN, A. V. Sustainable development, Education for Sustainable Development, and the 2030 Agenda for Sustainable Development: Emergence, efficacy, eminence, and future. Sustainable Development, v. 27, n. 4, p. 669–680, 1 jul. 2019.