Resumo

A pandemia provocada pela Covid-19 apresentou fragilidades do sistema econômico vigente, baseado em consumo excessivo e esgotamento de recursos naturais. O estilo de vida e o consumo resultam em implicações ambientais e sociais nocivas, sendo o modelo linear responsável por 62% das emissões de CO2 (UNCC, 2019). A economia circular (EC) é um tópico de estudo que apresenta crescente interesse dos pesquisadores (GEISSDOERFER et al 2018), organizações governamentais e privadas (WHALEN; WHALEN, 2018) por apresentar uma alternativa benéfica às organizações, ambiente e sociedade.

A crise econômica decorrente do Covid-19 é uma chance para construção de aprendizagens educacionais e de reflexão sobre os empreendimentos lineares que se mostraram ineficazes (WUYTS, et al 2020). No Brasil, 716.000 empresas encerram suas atividades durante a pandemia, em sua maioria, pequenas e médias (IBGE, 2020). Questão de pesquisa: como a EC pode auxiliar as PMEs Brasileiras na recuperação da crise econômica decorrente do COVID-19? Objetivo: analisar os fatores e princípios operacionais da EC relevantes para as PMEs brasileiras na recuperação da crise econômica em decorrência da COVID-19.

Como teoria de base foi utilizada a Teoria Institucional, através dos conceitos de campo organizacional e isomorfismo, utilizando como base autores como: DiMaggio e Powell (1991), DiMaggio e Powell (1983), Meyer e Rowan (1991), Scott (1991). Em relação à EC foram apresentados os princípios da EC, representados pelos autores Ellen Macarthur Foundation (2015) e Suáres-Eiroa et al (2019); fatores para a implementação da EC nas PMEs, através dos autores Ormazabal (2018), Rizos et al (2016), Mura et al (2020) e Prieto-Sandoval (2018).

Pesquisa qualitativa-exploratória, tendo como fonte de dados primária entrevistas semiestruturadas em profundidade com especialistas. O instrumento de coleta foi um roteiro de entrevista, que inicialmente tinha 9 questões e foi validado por um pesquisador da área de sustentabilidade, sendo que uma questão foi alterada nesse processo. Foram selecionadas 7 pessoas com conhecimento sobre EC e que trabalharam com o algum princípio da EC por, ao menos, 2 anos. Foi realizado um pré-teste e o mesmo foi incluído na amostra, sendo analisada através de análise de conteúdo (BARDIN, 1977).

O contexto de pandemia e crise evidenciou as deficiências do sistema linear, acelerando a busca por sustentabilidade, tendo externalidades já percebidas nos últimos anos. As organizações necessitam repensar suas estratégias, produção e geração de resíduos. Os fatores impulsionadores para a transição à EC, relacionados às pressões isomórficas: cultura da organização, cultura de consumo, leis e políticas públicas, inspiração em outras organizações, alianças e resiliência. Princípios da EC para PMEs diante da crise: educação para a EC, fechar o sistema e reduzir seu tamanho.

Para atingir o objetivo desta pesquisa foram realizadas entrevistas com especialistas, que resultaram na análise dos fatores e princípios mais importantes para que as PMEs possam transicionar à EC em um momento de crise em função da COVID-19. Os avanços teóricos foram relacionados à vinculação dos fatores à Teoria Institucional. Em termos práticos, a identificação dos fatores e princípios pode auxiliar as PMEs a: elaborarem estratégias voltadas à EC, a se tornarem mais resilientes, a pensarem formas de utilização de recursos já existentes e tendo a educação para a EC papel preponderante.

DIMAGGIO, P. J., & POWELL, W. W. (1983). The iron cage revisited: Institutional isomorphism and collective rationality in organizational fields. American Sociological Review, 48(2), MURA, M., et al. (2020). CE in Italian SMEs: A multi-method study. Journal of Cleaner Production, 245. RIZOS, V., et al (2016). Implementation of CE business models by small and medium-sized enterprises (SMEs): Barriers and enablers. Sustainability (Switzerland), 8 SUÁREZ-EIROA, et al. (2019). Operational principles of CE for sustainable development: Linking theory and practice. Journal of Cleaner Production, 95