Resumo

Ben-Amar e Belgacem (2018) postulam que as empresas socialmente responsáveis exibem maior transparência em suas práticas de divulgação, refletindo-se em compromisso com altos padrões éticos. Adicionalmente, Almendra et al. (2018), Lajili e Zéghal (2005) e Linsley e Shrives (2006) verificaram que a divulgação de informações acerca dos fatores de risco proporciona maior confiabilidade. Contudo, até o momento a ligação entre Responsabilidade Social Corporativa (RSC) e divulgação de riscos não foi investigada.

Destarte, propõe-se a seguinte questão de pesquisa: Quais as influências do desempenho da RSC na divulgação de riscos nas empresas brasileiras e nas companhias ibéricas? Com o intuito de responder à referida questão, delineia-se como objetivo geral analisar a influência do desempenho da RSC na divulgação de riscos nas empresas brasileiras e nas companhias ibéricas. Adicionalmente, procurar-se-á avaliar a associação entre o desempenho da RSC e a divulgação de riscos nas empresas e suas respectivas características institucionais país de origem e setor de atuação.

Estudiosos sugerem que as práticas relacionadas à RSC (ALI; FRYNAS; MAHMOOD, 2017; SOARES et al., 2018) e à divulgação de riscos (HASSAN, 2011) dependem do ambiente institucional e do nível de desenvolvimento econômico do país respectivo, segundo pressupostos da Teoria Institucional. Diante dos aspectos teóricos e empíricos em discussão, delineou-se a seguinte hipótese: H1: O desempenho de RSC influencia positivamente a divulgação de riscos nas empresas brasileiras e nas duas nações ibero-europeias.

A pesquisa reuniu 130 empresas, sendo 77 brasileiras, 42 portuguesas e 11 espanholas, listadas, respectivamente, nas bolsas de valores B3 (Brasil, Bolsa, Balcão), Euronext Lisbon e Euronext Spain. Com os dados extraídos da base CSRHub®, aferiu-se o desempenho da RSC, enquanto, por meio dos relatórios anuais de 2015, 2016 e 2017, utilizando-se a análise de conteúdo, verificaram-se os níveis de divulgação de riscos respectivos. A análise quantitativa foi realizada a partir da Estatística descritiva, Análise de Correspondência e Regressão Linear Múltipla.

Constatou-se que as empresas portuguesas e as espanholas registraram uma média de desempenho de RSC geral maior do que aquela apresentada pelas empresas brasileiras. Quanto à divulgação de riscos, a partir da análise dos 390 relatórios anuais das 130 empresas, observou-se que, diferentemente do que aconteceu no desempenho de RSC, as empresas brasileiras apresentaram uma divulgação de riscos melhor do que a das empresas dos dois países ibéricos. Os resultados da análise de regressão confirmaram que o desempenho de RSC geral influencia positivamente a divulgação de riscos.

Conclui-se que existem diferenças no comportamento socialmente responsável, na comparação entre as empresas de países desenvolvidos e as de nações emergentes, assim como há diferenças na divulgação de riscos. Como contribuições, destacam-se: ampliação de literatura sobre os construtos RSC e disclosure de riscos, e discussão de sua respectiva relação, inédita até então; suporte aos gestores a aprimorar suas ferramentas de divulgação de informações, destacando-se o importante papel dos relatórios anuais na divulgação de riscos para os todos os stakeholders.

GRECCO, M. C. P. et al. The voluntary disclosure of sustainable information: a comparative analysis of Spanish and Brazilian companies. Revista de Contabilidade e Organizações, v. 7, n. 17, p. 45-55, 2013. HASSAN, K. M. Risk regulations and disclosure in the united arab emirates: an institutional theory analysis. Corporate Ownership and Control, v. 8, n. 4, p. 514-526, 2011. SOARES, R. A. et al. Avaliação hierárquica da influência do país, setor e empresa na evidenciação da responsabilidade social corporativa. Contabilidade Vista & Revista, v. 29, n. 2, p. 96-121, 2018.