Resumo

Ainda são raros os estudos que investigam o ensino de sustentabilidade nos programas stricto sensu em Administração no país. As pesquisas que relatam a dificuldade dos programas em inserir discussões fora dos paradigmas dominantes, e, apesar da necessidade urgente de se discutir a sustentabilidade, parece que tais programas ainda não possuem estratégias específicas para gerar conhecimento sobre o assunto.

Este trabalho pretende responder o seguinte problema de pesquisa: Como está o ensino de sustentabilidade nos programas stricto sensu de Administração do Brasil? O objetivo geral é o de analisar o ensino de sustentabilidade nos programas stricto sensu de Administração do Brasil.

As discussões sobre sustentabilidade nas escolas de Administração, segundo Jacobi, Raufflet e Arruda (2011), possuíam no início, foco majoritariamente econômico, onde se manteve durante 20 anos, até evoluir de centrado em conceitos econômicos para um enfoque estratégico-administrativo. Para Leite Filho (2008), o papel da pós-graduação se dá na formação de pesquisadores, professores, mestres e doutores que contribuem com a produção de conhecimento.

O levantamento das universidades e dos programas foi realizado de maneira quantitativa, a classificação da pesquisa é descritiva e quanto aos procedimentos foi utilizada a pesquisa documental. Os dados foram retirados da base de dados de 2018 do portal da Capes, e diretamente dos sites das universidades que possuíam disciplinas relacionadas. Também foi realizado o contato direto com professores das disciplinas analisadas para que dados como metodologia, ementa, formação do docente e bibliografias fossem analisadas.

Foram analisados as ementas, as metodologias, as bibliografias e os docentes de cada matéria. Para isso foram criadas categorias que ajudaram a ter um parâmetro sobre a abordagem das disciplinas estudadas. Temos que a maioria das disciplinas possuem em sua abordagem assuntos como Política e Gestão Ambiental. Também temos que a maioria das disciplinas compreendem aulas expositivas e a utilização de seminários, e uma demonstração de que apenas 25% da bibliografia se repete entre diferentes projetos. O estudo dos currículos dos docentes demonstra formação destes na linha.

Os resultados indicam que a temática está sendo ensinada de formas diferentes nas instituições, talvez por fatores como a falta de consenso nas bibliografias básicas, metodologias empregadas, foco da ementa das disciplinas e formação acadêmica dos docentes. Ainda há muito a se avançar nos programas de pós-graduação stricto sensu brasileiros em relação ao ensino de sustentabilidade, buscando, principalmente, a formação de espaços de discussão para a construção de um novo paradigma que considere questões sociais, ambientais e econômicas conjuntamente.

JACOBI, P. R.; RAUFFLET, E.; ARRUDA, M. P. Educação para a sustentabilidade nos cursos de Administração: reflexão sobre paradigmas e práticas. RAM, Rev. Adm. Mackenzie, São Paulo, v. 12, n. 3, p. 21-50, jun. 2011. LEITE FILHO, G. A. Padrões de produtividade de autores em periódicos e congressos na área de contabilidade no Brasil: um estudo bibliométrico. In: CONGRESSO USP DE CONTROLADORIA E CONTABILIDADE, 6, 2006, São Paulo. Anais... São Paulo: FEA/USP, 2006.