Resumo

A questão da diversidade tem ganhado notoriedade entre acadêmicos, executivos e especialistas do mundo do trabalho. Tem deixado de ser apenas um tema teórico para se transformar em planos de ações que promovam oportunidades igualitárias para diferentes públicos minoritários em empresas de diferentes portes.

Esta pesquisa tem como objetivo principal analisar as ações e políticas de educação corporativa, desenvolvimento institucional, comunicação e responsabilidade social corporativa em empresas participantes do Pacto Global, da Organização das Nações Unidas (ONU) e que possuem políticas de promoção de igualdade de gênero, principalmente, acerca da execução de liderança feminina e representatividade de gênero em níveis estratégicos das organizações.

Em diferentes setores da economia, as empresas são instrumentos relevantes para a busca por igualdade de gênero, principalmente com o advento das denúncias contra salários diferenciados entre homens e mulheres ocupando as mesmas funções e do apelo midiático em torno do tema. O enaltecimento de práticas de diversidade e igualdade de gênero se tornaram práticas associadas à Responsabilidade Social Corporativa (OBSERVATÓRIO SOCIAL, 2004; INSTITUTO ETHOS, 2007).

Quanto a sua natureza, a presente pesquisa pode ser classificada como pesquisa aplicada. A abordagem desta pesquisa pode ser classificada como qualitativa, tendo em vista que seu objetivo é interpretar como as empresas estudadas estruturam práticas e ações corporativas para fomento de políticas igualitárias de gênero. Este estudo, quanto aos seus objetivos, tem caráter exploratório que, como o próprio nome diz, explora os problemas em estudos onde o nível de conhecimento ainda é baixo. Em relação aos procedimentos técnicos, esta pesquisa classifica-se como um estudo de casos múltiplos.

As práticas da empresa Beta foram destaques na premiação do Women Empowerment Principles (WEPs), iniciativa da Rede Brasil do Pacto Global e ONU Mulheres, garantindo o reconhecimento ouro no quesito de implementação das práticas em prol da igualdade de gênero e empoderamento feminino. O reconhecimento em forma de premiação está alinhado a teoria de Cahen (2003, p. 58) ao expressar que a implantação de atividades voltadas a criar e manter a imagem positiva da empresa junto ao seu público interno e externo.

Por meio da pesquisa, observou-se que tanto a teoria quanto os casos estudados apontam para o investimento em Desenvolvimento Institucional e Comunicação como principal ferramenta para a conscientização de todos os níveis hierárquicos, principalmente, das lideranças, que ocupam posições estratégicas e de tomada de decisão. Uma das medidas possíveis seria a diminuição do impacto do período da maternidade, que embora não seja admitido, torna-se um teto de vidro, ou seja, uma forma de barreira sutil no avanço de carreira de mulheres potencialmente aptas para ocupar tais níveis hierárquicos.

BILGE, Sirma. (2009), “Théorisations féministes de l’intersectionnalité”. Diogène, 1 (225): 70-88. BOURDIEU, P. (2002). A escola conservadora: As desigualdades frente à escola e à cultura (Gouveia, A. J., Trad.). In Nogueira, M. A. & Catani, A. (Orgs.). Escritos e Educação (pp. 39-64). Petrópolis, RJ: Vozes. BUTLER, Judith. Deshacerel género. Barcelona: Paídos, 2012; CAPPELLIN, Paola. As desigualdades impertinentes: telhado, paredes ou céu de chumbo? Revista Gênero. Niteroi, v.9, n.1, p.89-126, 2. sem. 2008;