Resumo

Centenas de frameworks para divulgação voluntária de informações socioambientais vêm sendo desenvolvidas, e até que não haja um padrão internacional, estas concorrem, coexistem, se integram ou se complementam. O padrão GRI vem tendo crescimento nas adesões bem como na proporção de seus níveis mais elevados (GODOI, 2011; CAMPOS et al., 2013; KUMAR & DAS, 2018). Mas, nem mesmo o predomínio de um padrão de relatório de sustentabilidade foi no início condição suficiente para uniformidade de conteúdo ou de formato, (RIBEIRO et al., 2009).

Diante do quadro de crescente adesão à evidenciação de informações socioambientais e relativa consolidação de padrão, concomitante às dificuldades de elaboração e de análise, questiona-se: os relatórios de sustentabilidade de empresas de mesmo setor são ao menos comparáveis entre si? A pesquisa tem como objetivos: avaliar a comparabilidade em certificações socioambientais, em asseguração de relatórios, bem como em abrangência e em profundidade quanto aos indicadores GRI, além de completude quanto a outras macrodiretrizes socioambientais relevantes.

Durante as décadas de 1960-70 surgiram as primeiras tentavas de divulgação voluntárias de relatórios e informações socioambientais. Mas foi somente a partir da divulgação do relatório “Nosso Futuro Comum” e da conferência Eco 92 (patrocinados pela ONU) que o tema recebeu certa atenção para além das ciências ambientais, adquirindo maior escala. Dentre as teorias desenvolvidas a partir de então que buscam descrever as divulgações voluntárias de informações socioambientais estão: a Teoria da Divulgação, a Teoria de Legitimidade, a Teoria das Partes Interessadas e a Teoria Institucional.

A fim de cotejar os relatórios de sustentabilidade de empresas de todos os portes do setor de papel e celulose instaladas no Brasil, escolhemos uma abordagem exploratória-descritiva a partir de fontes primárias. A investigação foi conduzida segundo metodologia conhecida como análise de conteúdo utilizada em pesquisas nas ciências sociais aplicadas para descrever e/ou interpretar conteúdo de textos ou documentos. foi atribuída a seguinte pontuação: 1 quando a diretriz estivesse presente; 0,5 quando parcial; 0 se ausente mas justificada; ou em branco quando nem relatada ou justificada.

O estudo confirma parcialmente os resultados de pesquisas anteriores segundo as quais atualmente predomina o padrão GRI para relatórios de sustentabilidade, porém, encontrou divergências de formato e de volume, que nem sob um mesmo padrão foi capaz de sustentar alguma uniformidade, em certa medida ratificando os resultados de pesquisas anteriores. Houve disparidade até entre informações comuns às empresas, como as de natureza econômica. Como nem todas possuem o mesmo dever de divulgação, sugere-se que entre as piores classificadas no quesito ainda predomine a gestão sob sigilo de seus números.

A qualidade de comparabilidade de relatórios funda-se na característica da uniformidade da evidenciação de informações. A resposta à questão da pesquisa quanto à comparabilidade, não foi alcançada, isto é, remanescem diferenças importantes na evidenciação de informações socioambientais, mesmo numa amostra de certa forma homogênea e da qual poder-se-ia esperar um comprometimento ou grau de responsabilidade mais concentrado em termos dos quesitos aqui avaliados.

KUMAR, A.; DAS, N. (2018) Sustainability Reporting Practices in Emerging Economies: A Cross-Country Study of BRICS Nations. Problemy Ekorozwoju. MORHARDT, J. E.; BAIRD, S.; FREEMAN, K. (2002). Scoring Corporate Environmental and Sustainability Reports Using GRI 2000, ISO 14031 and other Criteria. Corporate Social Responsibility and Environmental Management. RIBEIRO, M. S.; BONFANTE, T. M.; GOMES, C. C. M. P.; CIOFFI, J. L. (2009). Responsabilidade socioambiental no setor de papel e celulose. XXXIII ENANPAD. S. Paulo. VERRECCHIA, R. E. (2001). Essays on disclosure. Journal of Acct. and Ec.