Resumo

As discussões sobre mudanças climáticas têm sido cada vez mais comuns e frequentes, especialmente pelas consequências, como ondas de calor, secas, enchentes e aumento do nível do mar, que têm gerado à sociedade. Nesse ínterim, as transições para a sustentabilidade representam transformações radicais em direção a uma sociedade sustentável. Diversas abordagens têm sido propostas para compreender ou mesmo gerenciar os complexos processos de transição sustentável, mas esse debate tem frequentemente negligenciado a influência e a importância da geografia nesse processo.

Esse trabalho teve como objetivo analisar, por meio de uma pesquisa bibliométrica, o estado da arte sobre a geografia das transições para sustentabilidade. Nesse sentido, essa pesquisa endereçou a seguinte questão: Como a geografia das transições para sustentabilidade tem sido retratada em estudos acadêmicos?

Transição sociotécnica são mudanças no uso de tecnologias que promovem transformações na sociedade por meio de infraestrutura, conhecimento e modos de vida (MUNRO, 2019). Adicionalmente, as transições de sustentabilidade são processos geográficos, não generalizados, que ocorrem em locais específicos (HANSEN; COENEN, 2015). Assim, a geografia das transições se preocupa em explicar relações entre locais em que os processos de transição acontecem, com a intenção de desenvolver insights sobre fatores e configurações institucionais, culturas e infraestruturas específicas (KöHLER et al., 2019)

Esta investigação adotou a técnica de análise bibliométrica em 55 artigos científicos. Estudos bibliométricos permitem averiguar o estado em que a pesquisa científica se encontra em determinada área do conhecimento. Aliado a esta técnica, foi realizada uma análise qualitativa dos principais termos emergentes provenientes da etapa bibliometria, o que permitiu observar como termos emergentes são tratados nas discussões de geografia das transições para sustentabilidade

Os resultados bibliométricos atestam que a Alemanha é o país que mais detém pesquisadores que discutem o assunto. A revista holandesa Environmental Innovation and Societal Transitions publicou 20% de todos os artigos contemplados nesta pesquisa. O ano de 2018 representou o de maior incidência de publicações sobre a temática. Já os resultados da análise qualitativa permitiu a identificação de cinco temas emergentes a partir de uma análise de rede de coocorrencia de termos-chave: agricultura, governança, inovação, mudança institucional e políticas.

Os principais temas emergentes identificados nesse estudo permitem inferir que as pesquisas no campo da geografia das transições para a sustentabilidade estão preocupadas em identificar práticas sustentáveis de agricultura, que promovam melhor aproveitamento das áreas geográficas, assim como conservação de solos e uso de recursos hídricos. No tocante a inovação, sobressai a percepção que independente de sua modalidade, a inovação está vinculada a um contexto geográfico de implementação, considerando aspectos locais e regionais para oferecer soluções sustentáveis de caráter radical.

Hansen, T., & Coenen, L. (2015). The geography of sustainability transitions: Review, synthesis and reflections on an emergent research field. Environmental Innovation and Societal Transitions, 17. https://doi.org/10.1016/j.eist.2014.11.001 Köhler et. al. (2019). An agenda for sustainability transitions research: State of the art and future directions. Environmental Innovation and Societal Transitions, 31, 1–32. https://doi.org/10.1016/j.eist.2019.01.004 Munro, F. R. (2019). Renewable energy and transition-periphery dynamics in Scotland. Environmental Innovation and Societal Transitions.