Resumo

A Economia Circular (EC) é um sistema econômico que foca na prosperidade social e na resiliência da natureza (PRIETO-SANDOVAL et al, 2019), resultando em uma lógica voltada à sustentabilidade. Conforme DiMaggio e Powell (1983), a Teoria Institucional (TI) contribui com a explicação de diversos fenômenos sociais e organizacionais. A Ellen Macarthur Foundation (EMF) é a principal organização de terceiro setor a promover uma transição a EC no Brasil e mundialmente, portanto, compreender a forma como esta organização atua é importante para outras organizações do terceiro setor.

Questão de Pesquisa: Como a Ellen Macarthur Foundation (EMF) trabalhou no Brasil para institucionalizar a prática da EC e desinstitucionalizar práticas lineares de produção entre 2015 e 2020? Objetivo: Analisar o papel da EMF na promoção de uma lógica institucional voltada à EC no Brasil entre 2015 e 2020. Para tal, buscou-se identificar os mecanismos propulsores de mudança organizacional que fazem emergir uma nova lógica institucional (THORNTON; OCASIO, 2005) voltada à circularidade: empreendedores institucionais, sequenciamento de eventos históricos e sobreposição estrutural.

Teoria Institucional: (DIMAGGIO; POWELL, 1983), (FRIEDLAND; ALFORD, 1991), (THORNTON; OCASIO, 2008), (MCADAMS; SCOTT, 2005); (SCOTT, 2001), (TOLBERT; ZUCHER, 1999), (SELZNICK, 1972) Desinstitucionalização: (OLIVER, 1992), (DACIN; DACIN, 2012) Economia Linear: (ANDREWS, 2015), (WEETMAN, 2019), (DAGILIENE et al, 2020) Economia Circular: (GEISSDOERFER et al, 2018), (PRIETO-SANDOVAL et al, 2019), (EMF, 2017)

O método empregado para esta pesquisa é um estudo de caso (YIN, 2001), de caráter exploratório e utilizando como base de referência para análise a lógica institucional (THORNTON; OCASIO, 2012). Teve como fonte de coleta de dados a análise de documentos da EMF no Brasil nos últimos 5 anos. Os documentos foram buscados nos mecanismos de busca (Google e Bing), nos sites da instituição e ONU Brasil. Foram analisadas 13 publicações nacionais da EMF e 12 reportagens que citam a atuação da instituição. O campo organizacional definido é o Brasil em termos de atuação da organização.

A EMF conta com diversas formas de atuação para engajar atores promovendo uma lógica circular, através de produção maciça de conteúdos, estudos, eventos e iniciativas que a legitimam enquanto principal empreendedora institucional desta lógica. A EC, enquanto lógica institucional, se estabelecerá à medida que consiga institucionalizar um conjunto de práticas materiais e um sistema simbólico que lhe de sustentação. A EMF busca desinstitucionalizar a lógica linear por meio de benefícios da EC para organizações, sociedade e governos e fraquezas da lógica linear.

Como a EC é um fenômeno que vem ganhando atenção do meio acadêmico, governamental e corporativo, é importante compreender a atuação da principal organização do terceiro setor voltada à promoção da EC no mundo: a EMF. Logo, o presente artigo teve como objetivo analisar o papel da EMF na promoção de uma lógica institucional voltada à EC no Brasil entre 2015 e 2020. Este objetivo foi atingido através de uma pesquisa documental, demonstrando como a EMF atua em prol da desinstitucionalização de uma lógica linear, bem como na institucionalização de uma lógica circular.

DACIN, M. T.; DACIN, P. A. Traditions as Institutionalized Practice: Implications for Deinstitutionalization. The SAGE Handbook of Organizational Institutionalism, [s. l.], p. 326–351, 2012. DIMAGGIO, Paul J. and Walter W. POWELL. ‘The Iron Cage Revisited: Institutional Isomorphism and Collective Rationality in Organizational Fields,’ American Sociological Review 48: 147–160. 1983. FOUNDATION, Ellen Macarthur (2017). Circular No Brasil?: 1–31. Thornton, P. H. & Ocasio, W. (2008). Institutional Logics. In R.Greenwood, C. Oliver, R. Suddaby, & K. Sahlin (Eds.),The Sage Handbook of Organizatio