Resumo

Título do Artigo

TENDÊNCIAS PREDOMINANTES DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL ESCOLAR: IDENTIFICAÇÃO COM PROBLEMÁTICAS AMBIENTAIS LOCAIS E FORMAÇÃO DE ATITUDE ECOLÓGICA
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Tema

Educação e Sustentabilidade

Autores

Nome
1 - Mariana de Andrade Ferreira
Universidade de São Paulo - USP - Escola de Artes, Ciências e Humanidades Responsável pela submissão
2 - Helene Mariko Ueno
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Reumo

As macrotendências conservadora e pragmática de EA predominam no cenário brasileiro, com a EA Crítica como alternativa de contracorrente (LAYRARGUES; LIMA, 2014), fundamentada pela formação de um sujeito ecológico – marcado por um sistema de crenças, valores e sensibilidades que internalizam a relação com o meio ambiente. Ao reconhecer a distinção entre comportamento e atitude, percebe-se que a diversidade de tendências pedagógicas de EA podem focar em um processo comportamentalista ou na formação de um sujeito com atitude ecológica capaz de transformar sua realidade (CARVALHO, 2012).
Partindo do questionamento de quão alinhadas estariam as estratégias de EA no ensino formal aos princípios da EA crítica e à formação de sujeitos com atitudes ecológicas, o objetivo da pesquisa foi analisar (in)coerências entre estratégias de educação ambiental desenvolvidas na rede pública de ensino e problemas ambientais locais na cidade de Jundiaí/SP, tendo o programa socioambiental Moramos, Cuidamos, Preservamos, da Unidade de Gestão de Educação de Jundiaí, como representativo para análise das práticas educativas ambientais no município.
EA pode ser definida como um campo social heterogêneo, composto por diversos atores, com concepções político-pedagógicas plurais disputando a hegemonia das interpretações existentes. Suas macrotendências se diferenciam objetivando representar mais fielmente a realidade e compreender valores e motivações norteadoras das práticas realizadas. Neste projeto, destacamos uma abordagem de EA Crítica, marcada por envolvimento social; interdisciplinaridade; atuação crítica, política e cidadã; e ocupação de espaços formais, informais e não formais (LAYRARGUES; LIMA, 2014).
Em contraste com a análise documental do texto do Programa Moramos, Cuidamos, Preservamos (disponibilizado pelos profissionais responsáveis), foram realizadas entrevistas individuais e grupos focais com informantes-chave de instituições colaboradoras do programa e professores de escolas municipais atendidas. Todas as entrevistas foram virtuais, entre maio e julho/2021, mediadas pela autora principal e orientadas por roteiro de elaboração própria, com aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da EACH-USP.
Dentre os parâmetros estabelecidos para análise de dados destacam-se aqueles que permitem identificar possíveis contradições e incoerências entre teoria e prática nos discursos dos diferentes atores envolvidos, de modo a discutir a aproximação das práticas pedagógicas com a tendência de EA crítica (LAYRARGUES; LIMA, 2014) e com a formação de uma atitude ecológica (CARVALHO, 2012), segundo: • Orientação político-pedagógica dos educadores; • Multidisciplinaridade e interdisciplinaridade; • Alinhamento com problemáticas locais; e • Influências de educação ambiental para o contexto local.
Confirmamos a hipótese de que a elaboração intersetorial e o contexto socioambiental favorecem a promoção de uma EA orientada pela abordagem crítica e conectada com a realidade dos educandos, mas de forma insuficiente para a macrotendência da EA crítica, com incoerências ou lacunas entre teoria e prática e necessidade de maior conexão entre problemas, causas e consequências; do contrário, desperdiça-se a oportunidade de sair da abordagem conservacionista. As ações não são inéditas, mas recuperam práticas ao ar livre e de contato com a natureza ausentes em muitos ambientes educativos formais.
CARVALHO, I. C. M. Educação ambiental e formação do sujeito ecológico. 6ª ed. São Paulo: Cortez, 2012. LAYRARGUES, P. P.; LIMA, G. F. C. As macrotendências político-pedagógicas da educação ambiental brasileira. Ambient Soc, São Paulo, v. 17, n. 1, p. 23-40, jan-mar. 2014. DOI: 10.1590/1809-44220003500. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/1809-44220003500. Acesso em: 28 nov. 2020.