Resumo

Entre as atividades rurais, destaca-se a expansão da suinocultura no Brasil, pela produção, exportação e rentabilidade, evidenciada pela relevância econômica na geração de renda e empregos diretos e indiretos (EMBRAPA, 2019). O Brasil é o 4º maior produtor mundial da carne suína e o estado de Santa Catarina ocupa a liderança na produção nacional (IBGE, 2021). Em contrapartida, a produção suinícola gera impactos ambientais ou externalidades negativas pela concentração de dejetos nas propriedades rurais (VARGAS et al., 2019), contaminação do solo, da água e ar (MIELE, 2017).

A utilização de medidas e indicadores de sustentabilidade, podem contribuir com o acompanhamento, avaliação e na implementação de melhorias em prol do desenvolvimento sustentável nas propriedades rurais que desenvolvem a atividade suinícola (KRUGER; 2017). Por essa razão, o presente o estudo possui como eixo norteador a seguinte questão-problema: quais as externalidades da produção suinícola desenvolvida na fase de terminação? E o objetivo de analisar as externalidades da produção suinícola desenvolvidas na fase de terminação em uma propriedade rural do Município de Xavantina-SC.

Anglade (1999), Elkington (2012) e Ahmad; Wong (2019) enfatizam que para uma atividade ser considerada sustentável, sem o comprometimento de recursos às gerações futuras e agregar benefícios para a sociedade, deve atender simultaneamente a três requisitos: (i) economicamente viável; (ii) ecologicamente saudável; e (iii) socialmente equitativa. A identificação das medidas sob o enfoque das externalidades negativas ou positivas do desenvolvimento da atividade suinícola, possibilita a avaliação da sustentabilidade por meio do conjunto de medidas de desempenho ambiental, social e econômico.

Metodologicamente a pesquisa é caracterizada como descritiva, realizada por meio de um estudo de caso, com análise de cunho qualitativo. O instrumento utilizado para a coleta de dados foi o check list do modelo Sistema de Gestão e Avaliação da Sustentabilidade da Suinocultura (SIGEASS), proposto por Kruger (2017), o qual apresenta indicadores e métricas de avaliação, desenvolvidos a partir da Técnica Delphi, construído a partir do conhecimento de especialistas para identificar os parâmetros mínimos aceitáveis para o desenvolvimento sustentável da suinocultura.

Os resultados desse estudo revelaram práticas com externalidades positivas na produção suinícola na propriedade rural analisada, principalmente na avaliação dos indicadores da dimensão econômico-financeiros, “remuneração da mão de obra” e “remuneração do capital investido”. Na dimensão social ocorreu predomínio de dados em conformidade, o que demonstra preocupação em desenvolver uma atividade fundamentada na sustentabilidade.Em contrapartida, os indicadores de desempenho ambiental indicaram maior frequência de externalidades negativas, principalmente nos critérios ar/efeito estufa e energia.

Verifica-se a relevância de mensurar e acompanhar os processos de sustentabilidade no meio rural, em destaque as práticas de produção suinícola, a fim de que os interesses econômicos não se sobressaiam frente as dimensões social e ambiental, igualmente necessárias, para a efetivação da sustentabilidade. Avaliar a sustentabilidade da produção suinícola por meio de indicadores, considerando as especificidades de cada propriedade rural, permite compreender as externalidades positivas e negativas da produção suinícola, visando o fornecimento de evidências que apoiem a redução de externalidades.

JOHN, A. A.; PECCHENINO, R. A. International and Intergenerational Environmental Externalities, Scandinavian Journal of Economics, Wiley Blackwell, v. 99, n. 3, p. 371-387, 1997. KRUGER, S. D.; PETRI, S. M. Avaliação da sustentabilidade da produção suinícola sob o enfoque das externalidades. Revista Universo Contábil, Blumenau v. 14, n. 2, p. 137-161, 2018. VARGAS, L. P.; BERNARDO, E. L.; MIRANDA, C. R.; MONTICELLI, C. J.; PEDRASSANI, D. Suinocultura e serviços ecossistêmicos: transformações na sub-bacia do lajeado dos fragosos entre os anos 1999 e 2016. Perspectiva, v. 43, n.163, p. 27-37