Resumo

A responsabilidade corporativa vem sendo expandida para a sociedade, com isso, os reportes corporativos, como forma de comunicação com o usuário externo à empresa, estão sendo revistos para uma abordagem mais pluralista que leva aos stakeholders uma proposta sustentável, ética e transparente. O Relato Integrado é uma ferramenta que possibilita essa comunicação. Apesar disso, aspectos em torno do RI ainda precisam ser revistos. Para Melloni et al. (2017) mesmo se tratando de um relato inovador, há tensões envolvendo o fornecimento de um relatório que seja conciso e ao mesmo tempo completo.

Questiona-se: quais informações estão sendo evidenciadas no relato integrado? para responder a questão, esse estudo objetiva identificar as informações evidenciadas no Relato Integrado das instituições financeiras listadas na [B]³ no ano de 2019. Justifica-se a escolha do setor, pois apesar de não se caracterizar como um setor de alto impacto ambiental, em razão de não estar diretamente atrelado a atividades de impacto ambiental, possui um impacto indireto, pois são os responsáveis por financiar diversos setores e atividades que impactam diretamente os recursos naturais.

A elaboração do Relato Integrado demonstra a capacidade que uma organização tem de gerar valor utilizando seus capitais. Estabelecendo uma conexão entre seis capitais da empresa, o manufaturado, o capital humano, capital intelectual, capital natural, capital social e capital financeiro. Cada organização deve avaliar o nível de interação que possui com os capitais, uma vez que, nem todos são cabíveis ou possuem a mesma relevância em todas as organizações. É imprescindível que empresários entendam a importância que esses relatórios possuem, ligando programáticas de sustentabilidade as práticas.

Empregou-se a abordagem qualitativa com natureza descritiva em 51 KPI’s – indicadores chave de desempenho. A utilização desses indicadores possibilitou localizar as informações relacionadas a cada capital, principalmente nos casos em que as instituições não seguiam o modelo de divulgação das informações propostas pelo framework do IIRC. A amostra selecionada são instituições financeiras que divulgaram o relato no ano de 2019. Para análise, foi empregada a técnica de análise de conteúdo apresentada por Bardin (1977), com suporte do excel e o software AtlasTi para categorização.

A análise qualitativa possibilitou identificar quais temas as instituições financeiras comunicam aos seus stakeholders referente ao capital financeiro, manufaturado, humano, social, natural e intelectual. Dentre os mais identificados estão os KPIs: lucro por ação; filiais e rede; dividendos; número de consultas e transações; marca e reputação; presença nas redes sociais; despesas com treinamentos; classificação do índice de sustentabilidade e número de reuniões. Ressalta-se que os reportes apresentaram informações e dados que tempos atrás eram considerados irrelevantes na tomada de decisão.

Conclui-se que as informações variam muito de instituição para instituição e que o Relato Integrado está sendo utilizado como uma ferramenta condizente para a comunicação diversas partes interessadas. No entanto, ainda nessa perspectiva é necessário mais pesquisas para identificar o discurso proferido pelas instituições. Por exemplo por exemplo, o capital intelectual apresenta as vantagens em relação aos concorrentes ao apresentar reputação da marca, prêmios recebidos, presença em rede social, mas apesar das características positivas, o setor foi o segundo com mais reclamações em 2019.

Bardin, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977 IIRC. (2013). The International Framework. https://integratedreporting.org/wp-content/uploads/2013/12/13-12-08-THE-INTERNATIONAL-IR-FRAMEWORK-2-1.pdf Melloni, G., Caglio, A., & Perego, P. (2017). Saying more with less? Disclosure conciseness, completeness and balance in Integrated Reports. Journal of Accounting and Public Policy, 36(3), 220-238. doi: https://doi.org/10.1016/j.jaccpubpol.2017.03.001 Mio, C. (2020). Integrated reporting: the state of the art of Corporate Reporting. Revista Contabilidade & Finanças, 31(83), 207-211.