Resumo

Título do Artigo

USO DA TERRA NA AMAZÔNIA E O AGRONEGÓCIO BRASILEIRO PARA A UNIÃO EUROPEIA
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Tema

Estudos da Amazônia

Autores

Nome
1 - PAULO THIAGO NUNES BEZERRA DE MELO
Universidade Federal Rural de Pernambuco - Unidade Acadêmica de Serra Talhada - PROPAD - UFPE Responsável pela submissão

Reumo

Para o agronegócio brasileiro, a União Europeia tem sido um dos principais mercados internacionais. Esse bloco de países tem construído iniciativas para garantir que suas importações, inclusive as originadas do Brasil, estejam desvinculadas de qualquer processo de desmatamento, como o que é observado recorrentemente na Amazônia (Rajão et al., 2020). Portanto, o problema do uso da terra da Amazônia não é exclusivamente ambiental, mas também está cada vez mais associado ao desempenho das relações de comércio internacional do agronegócio.
Nas negociações do acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul, o Parlamento Europeu inclui, entre outros temas, preocupações relacionadas à proteção do seu setor agrícola. Nesse sentido, existem pressões de diferentes grupos políticos por uma postura mais protecionista na União Europeia com relação às suas cadeias produtivas de agropecuária (Mariano et al., 2019). Assim, o objetivo geral deste estudo foi analisar as possíveis relações entre o uso da terra na Amazônia e o desempenho exportador do agronegócio brasileiro para a União Europeia.
De acordo com Escher e Wilkinson (2019), a economia política entre os países do sul e do oriente modificam a situação anterior com o Atlântico Norte. Os acordos comerciais entre blocos econômicos não são exclusivamente pautados em interesses associados às vantagens na oferta e demanda de produtos, mas também são pautados em disputas políticas e em visões ideológicas (Mariano et al., 2019). Rajão et al. (2020) afirmam que o desflorestamento é promovido indiretamente pelos parceiros econômicos do Brasil que não barram o comércio e o consumo de produtos agrícolas provenientes do desmatamento.
Este estudo foi realizado em uma abordagem quantitativa, coletando dados secundário e realizando análises descritivas por meio de gráficos sobre as possíveis relações entre as variáveis. Inicialmente, as análises dos resultados mostram as séries de dados completos para cada variável considerada com seus valores originais, discutindo suas evoluções de mudanças nos períodos compreendidos. Foram realizadas análises de estatísticas descritivas e utilizadas as variáveis reduzidas na criação dos gráficos para a comparação entre as suas trajetórias.
Como principais resultados, o aumento do desmatamento na Amazônia parece estar inversamente relacionado à diminuição do orçamento do Ministério do Meio Ambiente [MMA]. Por sua vez, existe uma possível relação dos orçamentos do MMA com o desempenho das exportações para a União Europeia, e com os gastos da população europeia com alimentos. Mas, há uma possível relação entre os aumentos no desempenho dessas exportações para a China e os avanços das áreas de cultivos. Ademais, não foram encontradas possíveis relações entre a evolução da taxa de câmbio e as outras variáveis do estudo.
Foram apontadas as importâncias do fortalecimento da relação com a União Europeia e de maiores orçamentos, incluindo fundos, para investimentos na proteção do meio ambiente. A trajetória comercial com a China tem demandado padrões de produção que comprometem o meio ambiente, necessitando reorientações. Por sua vez, as dinâmicas comerciais com a União Europeia, que é parte de um núcleo orgânico na ordem econômica mundial, além de exercer dominação sobre países como o Brasil (Arrighi, 1997), possuem relações com a estruturação de recursos orçamentários públicos para proteção do meio ambiente.
Arrighi, G. (1997). A ilusão do desenvolvimento. 2ed. Vozes, Petrópolis Rio de Janeiro, Brasil. Escher, F.; Wilkinson, J. (2019). A economia política do complexo Soja-Carne Brasil-China. Revista de Economia e Sociologia Rural, 57(4), 656-678. Mariano, K. L. P.; Luciano, B. T.; Santos, L. B. (2019). Parlamentos regionais nas negociações comerciais: o Parlamento Europeu e o do Mercosul no acordo União Europeia-Mercosul. Opinião Pública 25(2), 377-400. Rajão, R. et al. (2020). The rotten apples of Brazil's agribusiness. Science, 369(6501), 246-248.