Resumo

A crescente quantidade de produtos com ciclos de vida cada vez menores e a grande variedade de modelos que se intensificaram nos últimos anos deram origem à necessidade do equacionamento logístico do retorno de uma parcela desses produtos, não consumidos ou usados. Dessa maneira, a Logística Reversa passa a ter crescente interesse no mundo empresarial, destacando-se como a quarta área da Logística Empresarial (LEITE, 2017). Segundo Couto e Lange (2017), as motivações para a prática da Logística Reversa pelas empresas estão, em geral, fundamentadas em três eixos: ambiental, financeiro e legal.

No Município de Belo Jardim, na Mesorregião do Estado de Pernambuco, uma empresa que fabrica acumuladores elétricos, dentre os quais as baterias automotivas, assegura a reciclagem de 100% das baterias vendidas, representando um destaque no processo de Logística Reversa, o qual é realizado por ela há mais de 40 anos e envolve uma cadeia que inclui as suas fábricas, distribuidores e revendedores. Assim, o objetivo deste estudo é analisar as práticas de Logística Reversa de Pós-Consumo implementadas em uma empresa de acumuladores elétricos do Agreste Pernambucano.

A Logística Empresarial é composta por quatro áreas operacionais: a Logística de Suprimentos, responsável pelas ações necessárias para suprir a empresa dos insumos materiais; a Logística de Apoio à Manufatura, responsável pelo planejamento, armazenamento e controle dos fluxos internos da empresa; a Logística de Distribuição, que se ocupa com a entrega dos pedidos recebidos pela empresa; e a Logística Reversa, responsável pelo retorno dos produtos de Pós-Venda e de Pós-Consumo (LEITE, 2017).

A presente pesquisa é exploratória, qualitativa, constitui-se em um estudo de caso, como instrumento de coleta de dados foi utilizado um roteiro de entrevista que foi aplicado com dois gestores que atuam na empresa de acumuladores elétricos. As entrevistas ocorreram por meio da plataforma de videoconferência Google Meet, as quais foram gravadas com anuência dos entrevistados, e, posteriormente, tiveram os seus áudios transcritos. Alguns trechos dos áudios dos entrevistados, codificados como Entrevistada A e Entrevistado B, foram inseridos na seção de resultados.

Verificou-se que a Logística Reversa constitui um dos principais pilares da empresa. Quanto aos motivos que levaram a empresa a implementar as práticas de Logística Reversa de Pós-Consumo, destacaram-se: a legislação, a preocupação com a sustentabilidade ambiental e o custo do chumbo. Em relação às dificuldades, foram citadas: o processo de coleta das baterias inservíveis, a negociação com os sucateiros e o transporte das baterias. Já os principais benefícios obtidos elencados foram: os ganhos de competitividade, a redução de custos e a diminuição de possíveis danos ao meio ambiente.

Este estudo buscou contribuir com a discussão sobre a Logística Reversa, ao analisar as práticas implementadas por uma empresa que se destaca dentro desta temática e que possui um canal de distribuição reverso de Pós-Consumo estruturado e consolidado há alguns anos. Como recomendações, sugere-se que sejam realizados novos trabalhos em outros setores produtivos de Pernambuco, um Estado que desenvolve ações colaborativas entre órgãos e instituições, que buscam consolidar informações sobre a destinação adequada de produtos e materiais de Pós-Consumo.

CHAVES, G. L. D.; BALISTA, W. C.; COMPER, I. C. Logística reversa: o estado da arte e perspectivas futuras. Eng Sanit Ambient, v. 24, n. 4, p. 821-831, 2019. COUTO, M. C. L.; LANGE, L. C. Análise dos Sistemas de Logística Reversa no Brasil. Eng Sanit Ambient, v. 22, n. 5, p. 889-898, 2017. FERNANDES, S. M.; RODRIGUEZ, C. M. T.; BORNIA, A. C.; TRIERWEILLER, A. C.; SILVA, S. M.; FREIRE, P. S. Revisão sistemática da literatura sobre as formas de mensuração do desempenho da logística reversa. Gestão & Produção, v. 25, n. 1, p. 175-190, 2018.