Resumo

No estado de São Paulo, segundo PNADC (IBGE, 2018), as mulheres representam 36% dos empreendedores. E de acordo com o TEA (GEM, 2020), na região da Galícia a intenção empreendedora feminina aumentou 5% contra 3,5 masculina. Segundo o SEBRAE (2019), há boas perspectivas para o futuro do empreendedorismo feminino em ambos os países. Além das dificuldades sociais, as mulheres ainda enfrentam barreiras econômicas, pois, segundo o COFECON (2019), no mundo, menos de 10% dos negócios liderados por mulheres recebem investimentos externos.

Diante da importância acerca da temática, observa-se esforços de pesquisas relacionadas com a questão, tais como de Oliveira et al. (2021), assim como Melo e Jesus (2018) e Sanches et al. (2013) que buscaram a compreensão local do Rio de Janeiro, Campo Grande e Toledo. Porém, nenhum estudo comparativo entre duas cidades de países diferentes. Buscando atender a esse gap identificado e, tendo como motivação e a necessidade da pesquisa com o objetivo de compreender a trajetória empreendedora de mulheres da região da Galícia na Espanha e da Região Oeste Paulista no Brasil.

Azevedo et al., (2021) apesar das conquistas e melhorias de vida observada pelas mulheres no decorrer dos anos, ainda perduram problemas observados desde os primórdios, dificultando a melhoria do desempenho econômico feminino. Valadares, Neto e Diniz (2022), no quesito ascensão de carreira, existem situações de preconceito e discriminação em contextos marcados pela hegemonia do masculino. Apesar da importância do papel da mulher de empreender, não é considerado uma tarefa simples para elas, pois, existem diversas barreiras a serem vencidas (FERREIRA; NOGUEIRA, 2013; GIMENEZ et al., 2017).

O presente estudo consiste em uma pesquisa exploratória que discorre de uma abordagem qualitativa. Os dados foram apurados através de roteiros de entrevistas semiestruturados. As entrevistas foram aplicadas em mulheres empreendedoras nas regiões da Galícia/Espanha e Oeste Paulista/Brasil, com o total de 10 participantes sendo 5 de cada região. As entrevistas foram gravadas com o consentimento das participantes, analisadas com auxílio do Software ATLAS.ti 9. A análise de conteúdo proposto por Bardin (2011), as questões foram divididas em 6 categorias.

Os desafios enfrentados são semelhantes por ambas culturas, e um dos pontos em comum é a idade. Percebe-se que a maioria delas são jovens ou iniciaram suas carreiras precocemente. Nota-se também que há um preconceito, na questão da idade, concluem que não possuem experiências suficientes para gerir um negócio. As entrevistadas informaram que houve uma mudança significativa após empreenderem, pois ganharam mais autonomia, algo que não tinham. Enfrentam muito mais responsabilidades e trabalham mais horas, considerando também a necessidade de conciliar sua vida pessoal e profissional.

A presente pesquisa proporcionou uma reflexão diante do verdadeiro contexto do empreendedorismo feminino tendo como base duas regiões, de dois países diferentes. Com base nos resultados, observa-se que as maiores motivações das mulheres é proporcionar um futuro melhor para a família e obter independência financeira, assim como o aumento da autoestima. Diante da abertura do empreendimento é notório a autonomia e confiança que as mulheres adquiriram. Para as entrevistas, os fatores idade e auxílio financeiro são pontos que levam a sociedade duvidar da capacidade profissional das empreendedoras.

BANDEIRA, P. B.; AMORIM, M.; DE OLIVEIRA, M. Z. Empreendedorismo feminino: estudo comparativo entre homens e mulheres sobre motivações para empreender. Revista Psicologia: Organizações e Trabalho, 2020. GIMENEZ, F. A. P.; FERREIRA, J. M.; RAMOS, S. C. Empreendedorismo feminino no Brasil: Gênese e formação de um campo de pesquisa. Revista de Empreendedorismo e Gestão de Pequenas Empresas, v. 6, n.1, 2017. MICOZZI, A; LUCARELLI, C. Heterogeneity in entrepreneurial intent: the role of gender across countries. International Journal of Gender and Entrepreneurship, v. 8, n. 2, p. 173-194, 2016.