Resumo

O consumo colaborativo tem mostrado ser uma tendência mundial e em crescimento. Para Botsman e Rogers (2011), esse tipo de consumo é um meio que possibilita a acomodação de necessidades e desejos de uma forma mais sustentável e atraente, com pouco ônus para os seres humanos. Nesse contexto, um exemplo de consumo colaborativo é o de coworking, que se caracteriza por ser uma local de trabalho compartilhado que tem o intuito de aplicar um modelo distinto dos ambientes de trabalho tradicionais (SPINUZZI, 2012).

Essa pesquisa parte do seguinte objetivo geral: entender que fatores são mais importantes para o consumo colaborativo de coworking e qual os perfis de usuários deste tipo de modelo de negócio. Para tanto, vale destacar que esse estudo se justifica ao contribuir para a academia ao preencher uma lacuna existente em relação ao objeto de estudo, sobretudo, ao relacionar quantitativamente três diferentes escalas, a saber: (a) consumo colaborativo (PIZZOL, 2015); (b) valores pessoais (TAMAYO, 2002) e (c) valores materiais (GARCIA, 2009).

O consumo colaborativo é um sistema disponível em lugares onde os seres humanos podem compartilhar recursos sem sofrer sanções, com liberdade ou sacrifício para as suas vidas (ORNELLAS, 2012). Segundo Spinuzzi (2012), o coworking abrange configurações de bons vizinhos e bons parceiros, dentre outras configurações, que buscam gerar atividades de network em um determinado espaço. Ele se configura como um fenômeno altamente fluido, colaborativo e interorganizacional, em que os indivíduos trabalham sozinhos, porém juntos ao compartilhar, dentre outros serviços, um espaço específico.

Esse estudo é classificado como descritivo, quanto a sua natureza é quantitativa. Foi utilizado um levantamento do tipo survey, com o recorte temporal transversal. Foram utilizados três diferentes escalas, a saber: Consumo colaborativo de Pizzol (2015), de valores materiais Garcia (2009) e a escala dos valores pessoais de Schwartz. A amostra da pesquisa é constituída por pessoas que utilizam coworking. Portanto, foi feita AFE das três escalas, que foram submetidas a uma análise de clusters visando verificar como os perfis dos respondentes podem ser divididos, bem como de regressão múltipla.

. Desse modo, salienta-se que o melhor ajuste de agrupamentos por K-means foi de quatro clusters. A regressão demonstra que a variável dependente consumo colaborativo é influenciada positivamente pelas variáveis abertura á mudança, sexo, o tempo de utilização do coworking a um nível de confiança de até 95% e não transcendência a um nível de confiança de 90%, enquanto que o fator 1 da escala de valores materiais impacta negativamente no consumo colaborativo a um nível de confiança de 95%.

A partir das análises realizadas é possível verificar que o seu objetivo foi alcançado, uma vez que nos resultados desse estudo, primeiramente visualizou-se o perfil sociodemográfico da amostra. Posteriormente, é realizada a análise fatorial exploratória das três escalas utilizadas. Em seguida, foi feita a análise de clusters a fim de verificar como os perfis dos respondentes podem ser divididos. Por fim, realizou-se uma análise de regressão múltipla com o objetivo de entender quais fatores de valores pessoais e materiais influenciaram no consumo colaborativo.

PIZZOL, H. O. D. Proposição de uma escala para mensuração do consumo colaborativo: compreendendo o compartilhamento de bens e a sua relação com os valores pessoais. Dissertação de mestrado. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil. 2015. SCHWARTZ, S. H. An overview of the Schwartz theory of basic values. Online readings in Psychology and Culture, v. 2, n. 1, p. 2307-0919.1116, 2012. SPINUZZI, C. Working alone together: Coworking as emergent collaborative activity. Journal of business and technical communication, v. 26, n. 4, p. 399-441, 2012.